Notícia

SUPERAÇÃO

Por CBTM

08/05/2007 16h31


Conheça a história de Edimilson Pinheiro, paramesa-tenista brasileiro que superou diversas adversidades e que no fim de semana conquistou sua vaga para o Parapan do Rio de Janeiro.

A família

Meu pai encontrou minha mãe em Natal-RN e começou a constituir a sua segunda família, pois já tinha uma com 12 filhos. Minha mãe quando "casou" com meu pai, estava com apenas 14 anos e já tinha uma filha. Num sistema parecido com "retirantes", foram passando de estado em estado rumo ao sudeste do Brasil. Na Bahia nasceram dois filhos, no Goiás dois e em Minas Gerais mais dois. Finalmente se estabeleceram em CAPINÓPOLIS-MG, para construir a nossa vida.

A doença

No final da década de 70 teve um surto de paralisia muito forte no Brasil. Muitas pessoas ficaram totalmente incapacidades de andar. Como deixei de tomar uma dose, pois morava na lavoura e o acesso para a cidade era difícil, fui atingido pela paralisia. Foi um momento muito difícil, pois quase morri nessa época. Pos além da paralisia infantil sofri outras doenças simultaneamente que me deixaram bastante debilitado.

Cadeira de Rodas

Como não podia andar o único recurso era ficar numa cadeira de rodas durante todo o dia. Passei cerca de três anos entre a cadeira de rodas e o chão. Naquela época meus ossos e músculos estavam se formando e por isso os médicos disseram que eu tinha que tentar caminhar. Com isso ficava tentando caminhar, caía, levantava e caía. Foi uma época crucial, pois poderia ficar o resto da minha vida fadado à cadeira de roda.

O reinício

Depois de muito esforço, dedicação e vontade de caminhar dei os primeiros passos. Ainda de forma muito irregular, mas já conseguia ficar em pé por mais tempo. Pouco a pouco fui sentido como era bom não depender da cadeira de rodas que ajudou por mais de três anos. Pouco a pouco, fui desenvolvendo as habilidades de caminhar e sentir um ar de liberdade fluindo nessa minha nova vida.

O joelho machucado

Como toda conquista tem o seu preço, comigo não foi diferente. Quando adquiri o poder de andar. Como não tinha muita estabilidade na perna que sofreu paralisia, vivia caindo e machucando o meu joelho. Dava dó ver aquele joelho todo vermelho de sangue. Já não conseguia nem ouvir falar mais no nome "metolate" que já doía minha alma. Cada tombo que levava parece que ia me ensinando onde não pisar novamente.

O esporte

Com seis anos fui pra escola. Lá comecei a praticar esportes. Foi muito interessante esse momento. Pois a prática esportiva proporcionou estabilidade na minha perna e aí parei de cair. Com isso comecei a jogar todos os esportes. Independente da limitação física da minha perna queria jogar futebol, basquete, vôlei, ping pong, etc. Naquele momento encontrei o caminho para direcionar a minha vida.

A perda da mãe

Quando eu estava com 13 anos, um trágico acidente ceifou a vida de minha mãe. Nessa época quase perdi o rumo de minha vida. Minha mãe era a minha referência. Ela tinha cuidado e me protegido em todos os momentos de minha vida. Ela sempre dizia que queria me ver fazendo sucesso. Queria que eu trabalhasse "na caneta", pois meus irmãos todos aos sete anos foram todos para a lavoura.

Primeiro emprego

Como perdi a minha principal referência, tive que começar a trabalhar para ajudar a minha família. E todo dinheiro que ganhava tinha que ir para pagar as despesas da casa. Então fui procurar serviço na cidade. Sem nenhuma experiência, mas com muita vontade de aprender, arrumei o meu primeiro emprego numa bicicletaria. Depois trabalhei numa loja de calçados e finalmente fui trabalhar na redação de um jornal.

Informática

Lembro-me até hoje que parte do meu pequeno salário foi destinado a realizar um curso de informática. Tinha uma espécie de desejo em aprender computação. Então comecei ficar na redação do jornal algumas horas depois do expediente, para aprender sozinho como operava os softwares de editoração gráfica. Em seis meses já estava dando dicas para o dono do jornal sobre o processo de editoração eletrônica.

A escolha do inglês como segunda língua

Já com 20 anos, tinha um outro grande sonho aflorando em minha alma. Queria aprender inglês. Mas como? Sem dinheiro e tempo? Tendo em vista esses desafios, fiz um pacto comigo mesmo que iria estudar religiosamente no mínimo 20 minutos por dia a nova língua. Adicionei outras atividades como: leitura livros, revistas, filmes e músicas no meu planejamento. Aos 24 já estava falando fluente.

Chefe de família prematura

Com 19 anos trouxe o resto da minha família de Minas Gerais. Como eles não tinham emprego. Portei-me como "dono de casa". Pois pagava todas as despesas. Foi um momento onde tive que escolher entre a minha vida ou a de minha família. Mas como fomos criados na base da união, dei o maior suporte para eles e hoje estou muito feliz por todos já estarem dando um bom rumo ás suas vidas.

O início no tênis de mesa

Depois de algum tempo afastado do esporte em função da alta carga de trabalho, voltei a praticar tênis de mesa. Em 1998 fiz um teste num clube de deficientes em São Paulo e passei. Em menos de seis meses já estava participando da minha primeira competição internacional. Trouxe na bagagem, além da medalha de ouro por equipes do México, mais um sonho de tornar um grande jogador de tênis de mesa.

Espanhol, a terceira língua

Nos mesmos moldes de aquisição da língua inglesa passei a dominar o espanhol. Agora já com uma grande diferença, pois, por viajar frequentemente para países de língua espanhola: Argentina, México, Espanha, etc, tive excelentes condições para aprender uma das línguas mais importantes do mundo contemporâneo. Agora já estou visualizando a língua francesa como o quarto idioma a ser dominado.

US Open 2000, um divisor de águas

Quando participei do Aberto dos Estados em 2000 percebi o real nível do temos de mesa Paralímpico. Não consegui ganhar uma partida. Isso foi muito chocante para mim. Quando voltei pensei até em parar de jogar. Pensava que iria chegar muito difícil chegar no alto nível. Depois de três meses sem jogar, levantei a cabeça e voltei com força total rumo a conquista de novos títulos.

Competindo com convencionais

Uma das melhores maneiras de evoluir tecnicamente foi enfrentar outro desafio. Jogar com jogadores que não tem deficiência. No começo foi muito difícil, pois quando entrava na mesa, já estava perdendo de 1 x 0, em função da minha perna. Mais com o passar do tempo, depois de muito treinamento e garra, comecei a jogar de igual para igual e as minhas primeiras vitórias contra convencionais foram surgindo.

A decepção

No Pan-Americano de Brasília 2003, seletiva para os jogos Para-Olímpicos de Atenas, tive a minha grande decepção no esporte. Pois só tinha uma vaga e fiquei em segundo lugar. Foi muito triste ver um sonho e um trabalho de quatro perdidos por falta de apoio. O que pesou profundamente nesse momento foi a falta de patrocínio para participar de competições internacionais e marcar pontos e consequentemente classificar-se para a Paraolímpiadas.

A volta por cima na Argentina

A vida continua. Em 2005 voltei a participar do Circuito Internacional. No Pan-Americano de Mar del Plata, dei a volta por cima ao conquistar medalha de ouro e vaga para participar do Campeonato Mundial de Tênis de Mesa Paralímpico que acontece em setembro na Suíça. Também tive oportunidade participar do Argentina Open e faturei medalha de prata no individual e bronze em equipes.

Top Mundial

Em janeiro de 2006 veio a grande recompensa para minha carreira. Todo jogador almeja chegar atingir o alto nível e se tornar top mundial. Cada dia de treinamento é focado para se chegar ao topo. Depois das várias vitórias na temporada de 2005, fiquei entre os 12 melhores jogadores Paralímpicos do mundo. Já sei que o difícil não é chegar e sim manter e para isso tenho concentrado todos os meus esforços nas competições.

Próxima parada: Pequim

Hoje todos os meus objetivos estão direcionados nas Paraolímpiadas de Pequim 2008. A competição mais importante na vida de um atleta. Treino em média 4 horas por dia e participo de um grande número de competições visando uma melhor preparação. Essa é mais uma meta e um sonho a ser realizado. Tenho a certeza de que posso ir cada vez mais longe e a China agora é o meu foco.

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