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THIAGO MONTEIRO SE RECUPERA BEM DE CIRURGIA E JÁ ESTÁ LIBERADO PARA TREINAR

Por CBTM

14/04/2010 15h49


O mesatenista número um do Brasil está fora de combate. Por enquanto. Thiago Monteiro passou por uma artroscopia no último dia 26 de março para a retirada de um cisto no pulso direito e está com a mão imobilizada desde então. Mas na próxima segunda-feira, segundo os médicos, já poderá voltar a treinar com bola, por apenas 30 minutos por dia. Com o passar do tempo, a carga de treinamentos pode ser aumentada gradativamente. Contudo, Thiago prefere não fazer previsões sobre o seu retorno.

 

"Eu pretendo estar no Mundial (por equipes, que acontece no final de maio na Rússia) e participar de alguns jogos do meu clube ainda nesta temporada, mas prefiro não fazer planos muito precisos. Vou com calma nesta recuperação, com muita segurança para estar no meu melhor nível na temporada que vem", disse Monteiro.

 

Confira trechos da reportagem feita com o atleta pelo Diário do Nordeste (CE) no final do mês de março pelo jornalista Gustavo de Negreiros.

 

Um guerreiro cearense ferido

 

Histórias de força de vontade fazem parte do esporte. O desafio de mostrar o melhor, a dura rotina de treinamentos e até mesmo a superação da dor fazem parte do cotidiano de atletas de ponta. Thiago Monteiro, um dos maiores nomes olímpicos cearenses, atravessa momento de glória e ao mesmo tempo de preocupação.

Líder do ranking brasileiro e titular absoluto da seleção nacional de tênis de mesa, o atleta se viu obrigado a enfrentar uma cirurgia para tratar de uma contusão que o incomoda há um ano e meio.

O compromisso de estar sempre representando a seleção brasileira e o seu clube, o Angers Vaillante, da França, fez Thiago atuar em alto nível mesmo com dor. "Faz 1 ano e meio que venho sentindo um problema no punho. Joguei uns 6 a 8 meses com a dor no começo. Quando eu parei, fizemos os exames e detectamos o problema", conta.

No sacrifício, o atleta tentou se tratar através de uma terapia convencional, à base de remédios e fisioterapia, mas os resultados não apareceram e o incômodo piorou.

"As dores diminuíram, mas não passaram. Com o tempo, eu fui jogando, achando que ia passar, mas não foi o que aconteceu. Fizemos novos exames para avaliar a lesão e agora decidimos que era artroscopia o próximo passo", lembra.

Apesar da decisão pela operação acontecer já em 2010, as consequências das dores no punho trouxeram rápidos resultados negativos. Além de não estar 100% em muitas partidas, Thiago Monteiro foi para o sacrifício no mundial do esporte, em 2009, no Japão. Em outras duas competições já este ano, o atleta teve de abandonar e ver de camarote a atuação dos colegas de seleção e clube. "No mundial passado já joguei com dor, apesar de termos ficado em excelente posição nas duplas. Já em março, teve Campeonato Latino-americano no México. Fui para jogar, cheguei lá e não aguentei a dor. Agora, tive que cancelar minha participação nos Jogos Sul-americanos, na Colômbia, por que eu não ia aguentar e era na mesma data da cirurgia", conta o atleta.

Recuperação

Thiago Monteiro tem um cisto no punho, resultado do esforço repetitivo no jogo e pela alta intensidade dos treinamentos. "Tivemos uma mudança de regulamento no material das raquetes. No começo, não me adaptei muito bem e tive que forçar um pouco mais", conta.

Para voltar, o jogador deve esperar pacientemente por dois meses. "Após a cirurgia, vou ter que ficar 15 dias sem mexer a mão". Mesmo assim, Thiago acredita que pode surpreender na recuperação. "Quero estar treinando um mês após a operação, competindo, talvez uns 50 dias depois. Jogar bem treinado talvez entre 2 a 3 meses", avalia o mesa-tenista.

Lição de superação e luta no esporte

Quem vê Thiago Monteiro em disputas importantes pelos jogos olímpicos, conquistando títulos em Pan-americanos talvez nem imagine o quanto este cearense teve de lutar para chegar onde está. Atualmente morando em uma cidade francesa chamada Argentan, localizada a 200km da capital Paris, o mesa-tenista saiu cedo de Fortaleza, onde iniciou as primeiras raquetadas aos 5 anos. Já aos 15, após ter se destacado em competições nacionais e na América Latina, mudou-se para Piracicaba, a fim de alavancar a carreira.

Com 18 anos, Thiago foi para a Suécia, onde atuou por duas temporadas. Depois foi para a França, passou outra temporada na Alemanha e retornou para a cidade onde vive até hoje. Uma história que revela a persistência do atleta em sair de casa tão jovem para buscar espaço em um esporte ainda em crescimento no Brasil.

Mesmo com poucas pessoas conhecendo de fato o tênis de mesa, Thiago conseguiu se revelar como atleta de ponta no País, a partir das atuações em competições de grande porte. No entanto, o atleta reconhece que mesmo com os resultados expressivos, poucas pessoas tem noção da importância dele para o esporte no Brasil. "Até pouco tempo eu falava que era jogador de tênis de mesa e as pessoas falavam que era legal, mas perguntavam qual era o meu emprego de verdade", lembra. Sobre o esporte ele adiciona: "o problema do tênis de mesa é que é um esporte extremamente técnico, difícil das pessoas entenderem. Os principais jogadores atuam fora, então realmente ninguém conhece", avalia o atleta.

Thiago prefere não pensar em retornar ao País por enquanto. "Quando eu deixar de jogar, vou avaliar com calma isso. Por enquanto, prefiro ficar focado nos treinamentos e nas partidas. De outra forma, talvez não seja a maneira mais correta de gerir a carreira", avalia o atleta.

ENTREVISTA

Você tem participado de várias competições internacionais nos últimos anos e alcançou resultados muito bons pela seleção brasileira. Agora atravessa um momento de lesão. Gostaria que você falasse sobre isso, a quanto tempo vem sentindo, se atrapalhou em alguma competição.

 

Atrapalhou. Faz 1 ano e meio que venho sentindo um problema no punho. Lógico que no começo a intensidade era muito menor e eu vinha jogando. Deu para aguentar mais tempo. Só que atrapalhou não só na competição em si, jogar com dor na competição. Atrapalhou em não conseguir treinar como deveria. Você tem uma quantidade de treino X e quando está machucado já reduz a carga. Com o passar do tempo, fui carregando a lesão para poder aguentar as partidas, mas eu vinha treinando muito pouco se comparado ao que eu treinava. Eu joguei basicamente uns 6 a 8 meses com a dor no começo. Quando eu parei, fizemos os exames e detectamos o problema. Fizemos tratamento convencional com remédios, descanso e fisioterapia. Voltei a jogar, as dores diminuíram, mas não passaram. Com o tempo, eu fui jogando, achando que ia passar e acabou não passando. Fizemos novos exames para avaliar a lesão e agora decidimos que, como o tratamento convencional não funcionou, era artroscopia o próximo passo.

 

Essa lesão já havia lhe atrapalhado em alguma competição pela seleção brasileira?

 

No mundial passado (Yokohama, Japão, 2009) já joguei com dor, apesar de termos ficado em excelente posição nas duplas. Ficamos entre os 16 melhores. Mas já joguei com dor. Na semana passada eu cheguei do México, teve Campeonato Latinoamericano em Cancún. Eu fui para jogar, cheguei lá e não aguentei a dor. Fiquei uma semana lá só vendo os outros. Uma competição que eu fui para jogar e não aguentei. Do dia 21 ao 26, vão ocorrer os Jogos Sulamericanos (Medellín, Colômbia), mas tive que cancelar minha participação por que eu não ia aguentar e era na mesma data da cirurgia. Então, sem contar muito, rapidamente, dois torneios importantes que eu perdi, fora os que eu joguei diminuído. Joguei uma partida de dupla para tentar em Cancún, mas não deu. A dor era insuportável. Quando você está quente ainda vai, mas também ocorre o risco de piorar. Então a comissão técnica do clube e da seleção brasileira estão me apoiando em todas as decisões, o que me tranquiliza ainda mais.

 

A lesão é considerada muito grave?

 

Não. Ela é uma lesão grave até certo ponto por que tem me impedido de jogar e treinar pelo clube e pela seleção brasileira. Mas uma vez a cirurgia feita, ela é rápida para recuperar. É uma artroscopia apenas para tirar o cisto. É grave, mas não é tão grave. Poderia ser bem pior. Esse cisto nasceu por esforço do jogo. A gente teve uma mudança de regulamento no material das raquetes e eu mudei. No começo não me adaptei muito bem, aí foi que eu tive que forçar um pouco mais. Até o tempo de eu me achar e me acostumar, já estava ruim. Eu fui jogando, não tive tempo de parar e descansar. Aí piorou de vez.

 

Mesmo com a contusão você foi chamado para a seleção brasileira. Como funciona a convocação?

Cada convocação tem um certo critério. Ultimamente, no começo do ano, se faz uma seletiva. Nessa seletiva são duas vagas de quatro na equipe. São duas vagas jogadas na mesa e outras duas são indicações técnicas.  Para os torneios desse ano, eu fui convocado por indicação técnica, por que eu estava sentindo o punho e não sabia o que era. Então, a comissão técnica decidiu, por eu ser o número do um do ranking hoje, me convocar sem eu precisar ir para a seletiva. Também tem outra forma, se você tiver um resultado expressivo no ano anterior, você pode já estar convocado para o ano seguinte.

Mudando um pouco de assunto, quantas olimpíadas você ainda planeja disputar?

Na minha cabeça, pelo menos mais duas. Londres já está em cima. No Rio já vou estar com 35. Depois disso, eu acho que ainda daria para jogar mais uma, dá até para tentar. A questão mesmo é saber se a motivação vai estar lá, se o físico estará bem. Mas eu coloco como meta ir até o Rio. Depois disso, vou ver ano a ano para ver se dá para aguentar mais uma.

 

O Hugo Hoyama ainda está com tudo com 41 anos...

 

Ele está com 41. Em 2008, em Pequim, ele estava com 39. Ele é a grande referência no tênis de mesa no Brasil. Nós como jogadores somos bem diferentes. Quando eu comecei a jogar na seleção brasileira, eu prestava mais atenção como ele se comportava, no que diz respeito ao profissionalismo, esse tipo de coisa. E agora é um amigo. A gente já jogou na seleção brasileira tantas vezes, ganhamos duas medalhas de ouro jogando o Pan juntos, duplas e equipes. Ganhamos o latinoamericano de duplas duas vezes, então aí ja ficou a amizade.

 

Algumas pessoas insistem e dizer que você é o substituto do Hugo Hoyama. Como você vê esse tipo de comparação?

 

Eu acho que se me perguntassem isso há 10 anos atrás eu até entenderia. Mas hoje, eu acho que as pessoas não acompanham os resultados e não veem. Não é algo que chega a me incomodar, até por que o Hugo é meu amigo, mas chega uma hora que as coisas tem de ser ditas como elas são. Hoje, eu joguei, me esforcei, treinei a vida inteira para ser o número 1 do Brasil. Não quero tomar o lugar de ninguém, não quero ser famoso, mas o número 1 do Brasil hoje sou eu.

 

Seu momento justifica isso.. Sua posição no ranking nacional, o lugar onde você joga...

 

Há uma diferença do reconhecimento no tênis de mesa e fora do esporte. O pessoal que joga tênis de mesa, que sabe do esporte, seja no Brasil, na América Latina toda, na Europa, seja em qualquer lugar, analisa, coloca tudo preto no branco os resultados que tive ultimamente. Então esse pessoal sabe. Agora, essa questão de eu não estar sempre no Brasil, colabora um pouco para que as pessoas não saibam o meu valor real como jogador.


Fala sobre teu reconhecimento fora do Brasil...

 

Duas coisas que tem que ser separadas. O reconhecimento no meio do tênis de mesa, que está cada vez melhor, como jogador do Brasil, um país sem tanta tradição no esporte. Já no Brasil, vindo do local sem tanta tradição, que é Fortaleza, o pessoal admira bastante a força de vontade de ter saído de tão longe e de estar conseguindo fazer uma carreira respeitável. A questão da modalidade ser pequena faz com que o reconhecimento não vá tão longe. Mas isso é normal, o tênis de mesa não passa tanto na tv e eu estou por aqui. Isto tudo influencia.

 

E como é morar sozinho em País estrangeiro. Muita saudade da família?

 

Eu ligo para a casa todo dia. Coloquei um esquema no telefone e não pago ligação para número fixo. Falo com pai, com mãe e com irmão. Todo dia eu falo um pouco. Mas sinto muita falta do clima, da praia. Gosto muito de praia, dos amigos. Mas a gente acostuma não é? Eu sempre soube que era isso que eu queria, então não reclamo muito não, pois tenho uma vida que se eu considerar tudo que me envolve hoje me agrada muito. Tem horas que eu penso em voltar, tem horas que eu penso em ficar por aqui. Tênis de mesa, bem ou mal, é o que eu fiz a vida toda e é o que eu faço melhor. Então no Brasil, na hora que eu parar dá para viver disso? Será que não é melhor ficar por aqui? Então essas coisas eu considero, mas ainda acho que vou jogar 10 anos. Confesso que não tenho pensado nisso muito não. Depois de 2016, que eu jogar a Olimpíada do Rio, eu vou começar a amadurecer mais a ideia. Mas, no momento, eu nem gosto muito de pensar nisso para ficar 100% focado. Se eu ficar pensando em outras coisas, eu acabo não tendo a mesma intensidade no treino, no jogo. Não é uma boa forma de gerenciar a carreira. Prefiro ficar focado no momento.


Uma mensagem de incentivo para os jovens...

 

Que se divirtam muito. Que joguem tênis de mesa por que gostem e que acreditem que dá para chegar longe, se treinar sério e se dedicar. É possível chegar em um nível muito mais alto do que o Brasil tem chegado. Acreditando e se dedicando, não tem segredo, vai dar certo.

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