LINCON YASUDA FALA SOBRE A SELEÇÃO FEMININA
Por CBTM

O treinador da seleção brasileira Lincon Yasuda falou sobre expectativas do Pan, o trabalho que vem sendo feito com a seleção feminina e os resultados das equipes juvenis no Chile e Venezuela.
CBTM: A Seletiva do Pan em Capivari mostrou um equilíbrio muito grande tanto no masculino, quanto no feminino. Como decidir estas quatro vagas restantes?
LINCON YASUDA: Primeiro precisamos analisar a regra que vai vigorar no Pan Americano: somente três atletas poderão ser inscritos, sem reservas, ou seja, quem estiver no time disputará todos os jogos. Baseado nisso, o principal item a ser observado nas jogadoras é a regularidade nos jogos contra as nossas adversárias. Em outras palavras, quais meninas poderão ter menos oscilações de desempenho durante todo o Pan. Neste período no qual estamos à frente da seleção feminina, foi possível coletarmos observações importantes sobre diferentes confrontos, qualidades técnicas e estilos de jogo, que nos levaram aos nomes que aí estão. A partir de agora até maio, o que prevalecerá como critério será o desempenho contra as diferentes jogadoras que enfrentarão neste latino, nos Abertos do Brasil, Chile e Mundial.
CBTM: O que podemos esperar do Brasil neste Latino Americano?
LINCON YASUDA: No caso da equipe feminina, jogaremos com uma formação titular diferente. Com Lígia, Mariany e Karin, vencemos com considerável vantagem o Latino Americano de Medellín e os Jogos Sul Americanos, todos no ano passado.
Com Carina no lugar da Karin, será interessante para observarmos as reações do time e dos adversários diante dessa nova escalação. As meninas estão treinando forte desde janeiro, espero um bom resultado.
CBTM: Como você avalia o desempenho da seleção juvenil nos Abertos de Jovens da Venezuela e do Chile?
LINCON YASUDA: Muito boa. O feminino mostrou que vem forte para o Latino, em junho no Equador, mesmo com as saídas de Mariany e Karin. Jessica jogou em nível muito bom na Venezuela. Esteve bem no Chile também apesar de ter oscilado mais. Karin Fukushima teve início irregular, foi se firmando com o passar dos jogos e teve o auge nos dois últimos dias de disputas no Chile.
O masculino como equipe me parece estar bem sólida. Eric e Humberto têm bom entrosamento e jogaram muito bem as duas competições por equipes. Individualmente, apresentaram algumas fragilidades que fizeram com que o rendimento não fosse o mesmo do que por equipes. De qualquer forma atuaram muito bem e se treinarem de forma correta estarão fortes para o Equador.
CBTM: Quais promessas brasileiras tem lhe agradado?
LINCON YASUDA: Bom, no feminino, passamos por um processo de transição e estruturação, em um trabalho que vem entrando em seu segundo ano. Considero essa geração que vem subindo das categorias juvenis e infantis boa, mas essas meninas precisam ter a consciência de que o tempo é curto, e que elas precisam fazer acontecer desde já. Por isso, não gosto de utilizar o termo "promessa". Isso pode levar o atleta a uma acomodação à espera de um futuro que nunca chega, e quando se dá conta, acaba deixando de "cumprir a promessa".
CBTM: Qual sua opinião sobre os chineses-naturalizados?
LINCON YASUDA: A minha opinião é a de que os melhores profissionais precisam ser sempre valorizados e receber muito bem pelo trabalho bem realizado. Isso é o que motiva as pessoas a se desenvolverem a se tornarem cada vez melhores, fazendo com que o sistema seja nivelado pelo alto. Partindo desse princípio, não se pode condenar o processo de naturalização, porque é uma das poucas maneiras que o tênis de mesa oferece hoje para remunerar bem o atleta profissional, que se dedicou a vida toda para estar entre os melhores.
No caso do tênis de mesa, existe uma particularidade que é a quantidade de jogadores chineses de alto nível, muito maior do que a de qualquer outro país. Por isso, sofremos as consequências de ter um esporte praticamente todo dominado por atletas de origem de uma única nação, o que torna o esporte mais sem graça.
Eu acho que a solução para isso deve partir da criação de medidas mais rigorosas, que impeçam, por exemplo, um atleta chinês de chegar dois dias antes da competição, jogar por um país do qual sequer sabe o nome, e ir embora dez dias depois. Uma naturalização deve trazer também para o país conhecimento, desenvolvimento, sparrings de alto nível, ou seja, o atleta deve deixar um legado, para que, no futuro, esse país não dependa somente da nacionalização de um ou dois jogadores.