Por CBTM
Como foi no US Open?
O US OPEN foi um campeonato muito forte, principalmente porque teve participações de atletas que foram medalhista nas Paraolimpíadas e eu tive oportunidade de estar jogando contra elas. Isso é importante porque tive uma base de meu jogo diante das melhores do ranking mundial. E olha que foram jogos disputados e ainda cheguei na disputa da final duas vezes. Fiz grandes jogos contra atletas de Canadá, Holanda e fiz final com uma atleta da França.
Conte sobre a sua última partida, a que fez de você campeã.
Nossa foi grande a emoção, Chega a passar um filme de toda sua luta para chegar até ali e, quando você vê, esta lá conquistando aquele objetivo traçado. O último ponto, quando finalizei, a torcida gritou. Eu olhei para meu técnico e gritei: - Eu ganhei! -, foi muita alegria.
Não posso me esquecer de uma torcida que fez a diferença em todos meus jogos, que foi a torcida do Correios. Sempre eles estavam presentes para torcer por mim e isso foi uma grande força. É muito gostoso sentir a emoção de conquistar um resultado tão importante quanto esse que consegui.
Como foi 2007 para você?
Foi um ano de muitas conquistas para mim. Já comecei bem quando fui convidada a conduzir a tocha do Pan. Esse momento também foi super emocionante, saber que é um momento que vai ficar na história e que eu fiz parte dele. Naquele momento eu imaginei: - Agora só falta minha vaga nas Paraolimpíadas -, e então veio a seletiva para a vaga no Parapan, participei, joguei muito bem (nossa como meu jogo tinha evoluído até aquela data da seletiva) e fui campeã sem perder nenhum set em todas as partidas! E o melhor de tudo: saber que minha vaga para o Parapan estava garantida foi mais uma grande alegria.
E foi por acreditar tanto, lutar, correr atrás de meus sonhos e me dedicar aos treinamentos, que cheguei bem no Parapan e foi lá que realizei mais um de meus sonhos: duas medalhas de ouro, um troféu de melhor atleta das Américas no tênis de mesa Paralímpico e, o melhor de tudo, a vaga para Pequim. Esta foi minha grande conquista. Estou na luta e, como uma boa brasileira, não desisto nunca. Minha grande meta agora é trazer uma medalha paraolímpica para nosso Brasil, e sei que vou conseguir.
Dias 12 e 13 acontece a Seletiva Adulta que vai definir a seleção brasileira masculina e feminina que irá garantir vaga para as Olimpíadas de Beijing. Você é uma das convocadas para a Seletiva. O que sentiu ao ver seu nome na lista?
Essa foi uma noticia que me deixou extremamente emocionada, quando fiquei sabendo, lágrimas correram de alegria ao saber que, mesmo com uma limitação física, conquistei um lugar entre os atletas olímpicos convocados para a Seletiva. Sei que vai ser super difícil pra mim, mas é um grande treinamento e fico feliz em ter essa oportunidade, pois terei um volume de jogo e, o melhor, jogando contra as melhores do Brasil.
Em quem você aposta para conquistar vaga na Seletiva?
Nossa, sei que tem grandes atletas com um alto nível, mas aposto na Lígia. Sou super fã dela, ela joga com muita garra e tem uma grande concentração. Então estou na torcida por ela, se eu não ganhar é claro (risos).
Como é a Jane fora do tênis de mesa?
Olha, a minha vida fora do tênis de mesa também é muito corrida. Tenho dois filhos: a Letícia, 5 anos, e o Lucas, 8 anos. Imagina o quanto eles dependem de mim?! O tempo que fico aqui em casa é cuidando deles, tirando um tempinho para o lazer com eles. Jogamos vídeo game, brincamos de boneca. Eu dei uma raquetinha para a Letícia e uma para o Lucas, sempre brincamos também de tênis de mesa. E tem a hora para os estudos também.
Como concilia seus afazeres com o treinamento?
A minha mãe me ajuda muito, sempre fica com meus filhos para que eu possa treinar e participar dos campeonatos. Todos os dias ela vem para minha casa e vou cedo treinar com meu técnico. Volto em casa, almoço e saio de novo, mas para a musculação, de lá vou para academia e fico até às 22 horas fazendo jogo. Nesse horário retorno para casa. É hora levar minha mãe para a dela. Sempre chego em casa meia noite, quando termino toda minha rotina. Mas esse esforço é recompensado pelo carinho de meus filhos e a alegria deles quando chego com as medalhas, ainda bem que sempre estou conquistando mais de uma (risos). Luto muito para conquistar meu espaço no esporte para servir de exemplo para eles.
Mas a freqüência do meu treinamento, atualmente, está comprometida. Como não tenho patrocínio e estou sem receber minha bolsa atleta, e é com ela que pago meu técnico, treino quando ele pode, mas antes eram três vezes por semana, duas horas com o técnico e, todos os dias das 18 as 22, fazendo jogo com o pessoal da academia.
E como é o reconhecimento das pessoas da sua cidade?
Várias crianças acompanham meu trabalho, mandam e-mails, mensagens no Orkut dizendo que estão na torcida. É muito legal isso. A mídia escrita e a tevê me ajudam muito também, e as escolas se interessaram e sempre entram em contato. Já estive nos colégios Ávila, Evangélico, Marista, além de faculdades.
A repercussão dos resultados do Parapan aqui em Goiânia foi grande mesmo, com meus resultados atuais saiu muita matéria nos jornais e na tevê. Agora só falta patrocínio, né?! Mas eu amo o que faço e sei que um dia meu patrocínio vai chegar. Eu preciso muito de um patrocinador porque têm campeonatos que o custo é muito alto. A bolsa atleta que sempre me deu o grande suporte para chegar onde cheguei, lógico, mas se eu conseguir um patrocínio, posso ir muito mais além.
Só foi possível participar dos campeonatos graças a ajuda da Agência Goiana de Esporte e Lazer (AGEL), por meio do programa Proesporte/FujioKa. O presidente da AGEL, Dr. César Sebba, me dá esse suporte para conseguir participar dos campeonatos internacionais. Estou indo para seletiva porque eles pagaram minha passagem aérea. Agradeço muito ao investimento da AGEL. O Dr. Sebba acredita muito no meu potencial, sou muito grata a ele. É uma grande pessoa que valoriza o esporte em nosso estado.
O que você espera das Paraolimpíadas?
A chance de trazer medalha paraolímpica está muito grande. Já joguei com a 2°do ranking Mundial de minha classe e abri dois sets a zero nela, mas pela experiência, ela conseguiu buscar. Foi um jogo muito disputado, agora estou treinando para melhorar mais e a cada participação em campeonatos internacionais vejo o quanto melhorei.
Quem quiser conhecer um pouco mais da atleta Jane Karla Rodrigues, pode entrar no site www.cameraum.com.br/janekarla/index.htm ou no blog: www.janepan.blogspot.com .