Notícia

UMA RAZÃO PARA VIVER

Por CBTM

17/01/2008 12h00


O nosso paratleta Edimilson Pinheiro foi matéria na revista da Federação Internacional de Tênis de Mesa (ITTF), Table Tennis Illustred, do período outubro-setembro 2007, sob o título: Uma razão para viver. A reportagem fala sobre como o esporte praticamente salvou sua vida e deu um motivo para ele ser otimista e ter razões para viver. Confira a matéria:

 

Com vinte nove anos de idade, nascido em Capinópolis, Minas Gerais, há mais de seis quilômetros da capital Belo Horizonte, onde aconteceu o Aberto do Brasil, em abril de 2007, Edimilson Pinheiro tem tido mais adversidades nos primeiros 30 anos de sua vida do que normalmente se teria.

 

O fato de que ele pode andar, levar uma vida normal e jogar o esporte que tanto ama é uma conquista. Com dois anos de idade, teve poliomielite. Enquanto as crianças da idade estavam jogando futebol, correndo, pulando, Edimilson estava confinado numa cadeira de roda por quatro anos. Ele não podia nem mesmo se levantar.

 

Polio

- Eu tomei a primeira vacina e pólio, mas nunca tomei a segunda -, fala Pinheiro. – Eu adoeci com pólio, meus músculos não desenvolveram. Foi um momento muito difícil, eu não podia me juntar com outras crianças -.

 

Fisicamente fraco, Edimilson provou para si mesmo que se tornaria fisicamente forte. – Meu primeiro dia na escola, lembro bem, foi muito difícil, eu era a única criança com uma disfunção -, refletiu. - Nós morávamos num lugar muito pobre, eu freqüentava uma escola para garotos normais e queria jogar esportes, mas não podia correr -.

 

Mesmo hoje, a corrida não faz parte da realidade de Edimilson. Não existe chance de ele jogar tênis de mesa como Ryu Seung Min, mas ele pode andar sem ajuda e seus movimentos para os lados são suficientes para que ele possa competir efetivamente em ambos: competições normais e para paratletas.

 

- Depois de um tempo comecei a entender que teria de enfrentar qualquer problema que eu tivesse e que teria de ultrapassar as dificuldades -, diz Pinehrio. - Gradualmente, minhas pernas tornaram-se mais fortes e eu me tornei uma pessoa capaz para praticar esportes -.

 

As crianças que ridicularizaram Edimilson quando ele começou a estudar, passaram a aceitá-lo. Os dias ruins aparentemente chegaram ao fim. Mas quando tudo parecia estar bem, uma tragédia: sua mãe foi morta.

 

Tragédia

- Ela tinha apenas 37 anos de idade quando morreu num acidente de carro -, refletiu Pinheiro. - Foi um período muito difícil para mim, eu tinha 13 anos de idade -.

 

A perda de um dos pais, tão jovem, em tal circunstância, é difícil de expor, a palavra tragédia parece insuficiente para descrever o sentimento.

 

- Minha mãe sempre me protegeu, ela culpava a si mesma por eu ter contraído pólio, ela lamentava por eu nunca ter tomado a segunda vacina -, explicou Edimilson num tom de voz nostálgico. – Eu tive que aprender a viver sem sua proteção -.

 

Foi um perídio desesperador para Edimilson. – Sou filho do segundo casamento do meu pai. Ele teve 12 filhos com a primeira esposa e abandonou-os com a mãe -, explica. – Minha mãe teve cinco filhos e eu sou o mais novo. Em 2005, meu pai morreu de Alzheimer -.

 

Por entre de todos os problemas e tribulações, um fator era lembrado constantemente: o tênis de mesa.

 

Mudança para o Cruzeiro

Com 17 anos de idade, Edimilson mudou-se para o Cruzeiro, em São Paulo, a região mais forte do Brasil para o tênis de mesa. Uma das razões para a área ser uma meca na modalidade é devido à existência de uma forte cultura asiática na área.

 

A cidade de São Paulo tem a maior população japonesa de qualquer cidade do mundo fora do Japão. Simplesmente anote os nomes dos melhores jogadores do Brasil e verá que todos são de descendência japonesa. As únicas exceções são Thiago Monteiro e Lígia Silva, ambos vindos do Norte/Nordeste do Brasil. Monteiro é de Fortaleza, enquanto Lígia veio do Amazonas, mas joga, hoje, em Santos, cidade há trinta minutos de São Paulo.

 

Contudo, o motivo para a mudança de Edimilson para o estado de São Paulo não foi relacionada ao tênis de mesa. - Eu queria aprender novas coisas na vida -, diz. – Eu fui trabalhar para um jornal, fazia o layout e, com o advento de novas tecnologias, me transformei num perito em Pagemaker -.

 

Estabilidade

A mudança para São Paulo deu para Pinheiro certo grau de estabilidade. - Eu trabalhava de 8h às 22h, mas estava ganhando dinheiro -, fala. - Eu era de um lugar pobre, tinha um bom trabalho e condições de trazer meus três irmãos para morar em Cruzeiro -.

 

Trabalhar para o jornal foi uma virada em sua vida. Dois anos depois houve outra transformação importante, ele descobriu o tênis de mesa. - Eu tinha 19 anos de idade e meus amigos jogavam tênis de mesa -, conta Edimilson. - Comecei a jogar e me uni a um clube da modalidade voltado para paratletas, em São Paulo -.

 

Ele treinou muito e logo começou a ter sucesso. Em 1999 ganhou o título na classe nove do individual masculino, no Campeonato Brasileiro, e foi eleito para o Comitê de Jogos Para-Olímpicos Pan-Americanos. - Minha vida mudou, eu jogava tênis de mesa internacionalmente e, em 2001, me senti confiante para jogar contra os atletas normais. Eu era autoconsciente da minha incapacidade, mas com o tempo percebi que minha falta de habilidade não era tão grande e, gradualmente, avancei. Vi-me como um exemplo para outros -.

 

Assistência

O progresso no tênis de mesa foi rápido e, em 2004, ele recebeu suporte financeiro do governo. Uma nova vida começou. Edimilson terminou uma especialização em esporte, em 2005, e estudou inglês, uma língua que fala fluentemente.

 

Edimilson Pinheiro é hoje uma pessoa confiante. É patrocinado por Amsted Maxion, que produz equipamentos para companhias ferroviárias, e é um exemplo para todos. - Não importa o quão severo algo possa ser, você pode alcançar -, ele diz. - Sou muito grato ao esporte, foi o que me deu confiança em minha vida pessoal -.

 

Tênis de mesa é um esporte excitante, emocionante e, para Edimilson Pinheiro, uma razão para viver.

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