Por CBTM
No primeiro evento do pré-Congresso Paralímpico Brasileiro, que acontece na Unicamp, o canadense Colin Higgs, membro do Conselho Internacional para Ciência do Esporte e Educação Física, conversou com 50 pessoas sobre o processo de formação de jovens atletas.
A plateia, composta por treinadores, classificadores funcionais, profissionais de áreas afins ao esporte Paralímpico, profissionais da área da saúde, professores e estudantes universitários aproveitou a oportunidade para fazer perguntas relacionadas à área de formação de atletas.
Biomecânico e professor por mais de 35 anos, Higgs mostrou um panorama de suas pesquisas, que passam desde o acesso a escola para pessoas com deficiência física até a identificação de talentos esportivos e formação de atletas.
Colin Higgs foi um dos pioneiros no desenvolvimento de cadeiras de rodas especiais para corridas na década de 70.
"Até aquela época, os atletas utilizavam as cadeiras do dia a dia para correr", lembrou o professor.
Os canadenses então desenvolveram tão bem a tecnologia, a ponto de saber, nas Paraolimpíadas de 1992, em Barcelona, qual o ajuste ideal das rodas para disputar uma corrida na manhã, ou uma corrida à tarde, quando a pista estaria mais macia.
Deu tão certo que o Canadá teve durante cinco Paraolimpíadas uma das principais atletas do mundo. Chantal Petitclerc, que anunciou sua aposentadoria recentemente, levou cinco ouros nas Paraolimpíadas de Pequim. A atleta canadense usa uma cadeira de rodas moderna, um capacete adequado, luvas especiais, além de outros acessórios.
"É tudo muito detalhado. Para um atleta desses ter braços treinados completamente, leva 15 anos. São, no mínimo, 10 anos, cerca de 10 mil horas de treino, para desenvolver um atleta totalmente", afirmou Higgs.
Colin comentou que além do talento do atleta, esses acessórios podem ser essenciais para a conquista ou perda de uma medalha de ouro. A evolução desses equipamentos, nos últimos 15 anos, é considerável e vem sendo exaustivamente testada para aliar conforto e tecnologia adequada para a vitória.
Mostrando exemplos de desempenho de atletas da Ásia a América do Sul, Colin discursou que a motivação das pessoas, quando se envolvem com o esporte, aumenta consideravelmente. A educação, o acesso ao transporte, os direitos sociais e civis são vistos pela pessoa com deficiência física em outra proporção. Essas melhorias tecnológicas ajudam os atletas a se dedicarem mais ao treinamento.
Receita para o Brasil
Com a proximidade dos Jogos Paralímpicos no Rio de Janeiro, em 2016, Colin mostrou à plateia as modalidades já confirmadas no Programa de Esporte de 2016 além das sete que apresentaram ao IPC projetos para serem incluídas na edição brasileira.
O professor comentou que para o Brasil conseguir um desempenho extraordinário nos Jogos, os treinadores precisam pesar o custo benefício da tecnologia, e, dentro do orçamento, apostar em acessórios que poderão, junto ao talento do atleta, chegar ao resultado esperado.
Foram cinco as estratégias apresentadas pelos canadenses para que os brasileiros sigam: entender e usar a classificação funcional, ganhar vantagem com a tecnologia, identificar os talentos, desenvolver atletas em longo prazo e utilizar o apoio da população em geral.
Curso nesta quinta
Em continuidade ao pré-Congresso Paralímpico Brasileiro, nesta quinta-feira, 18, Marco Cardinale, da Associação Olímpica Britânica, abordará os princípios de treinamento e Peter Van de Vliet, diretor científico e médico do Comitê Paralímpico Internacional (IPC), tratará dos princípios da classificação funcional.
O Congresso
O 1º Congresso Paralímpico Brasileiro será realizado 19 e 20 de novembro, na Unicamp. Serão dois dias de cursos e discussões com profissionais nacionais e internacionais especializados em Esporte Paralímpico. Serão abordados temas como a formação de recursos humanos para o Esporte Paralímpico, classificação funcional e treinamento e avaliação em Esporte Paralímpico.
O evento é uma promoção do Comitê Paralímpico Brasileiro (CPB), através da Academia Paraolímpica Brasileira (APB), em parceria com a Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP), a Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP) e a Universidade Federal de Uberlândia (UFU).
O público alvo do 1º Congresso Paralímpico Brasileiro são treinadores, classificadores funcionais, profissionais de áreas afins ao esporte Paralímpico, profissionais da área da saúde, professores e estudantes universitários.
Mais de 50 trabalhos de todo o país foram inscritos para serem apresentados durante o Congresso.
"Esperamos conseguir atingir a comunidade paraolímpica no que ela mais precisa, que é a divulgação de informações, estudos, pesquisas", explica o diretor técnico do CPB, Edílson Alves Tubiba.
"Estamos muito confiantes no sucesso do 1º Congresso Paralímpico Brasileiro devido ao alto nível da organização", ressaltou o presidente do CPB, Andrew Parsons.
Sucesso antes mesmo de começar
Outro indicativo apontado por Parsons como garantia de sucesso do Congresso foi a alta procura que as inscrições tiveram. Em apenas dois dias de inscrições, mais de 180 pessoas de todo o país já haviam garantido sua participação.
As 500 vagas foram preenchidas em menos de um mês. Os cursos do Pré-Congresso, que serão dias 17 e 18 de novembro, e contarão com especialistas internacionais, também tiveram suas inscrições esgotadas em apenas dois dias.
"A grande procura é uma prova de que havia uma demanda de eventos desse tipo, que discutam cientificamente o Esporte Paralímpico, principalmente chancelados pelo CPB. Certamente dos trabalhos apresentados no Congresso surgirão muitas novidades para o Esporte Paralímpico, que nos apontarão caminhos interessantes."
O coordenador da Academia Paraolímpica Brasileira e professor da Unicamp, José Júlio Gavião, destacou a continuidade da procura por vagas, mesmo após as inscrições terem se encerrado.
"Ainda existe uma grande distância entre a ciência e a sociedade. Esse congresso mostra que os profissionais que trabalham diretamente com a sociedade estão buscando essa aproximação, que é exatamente um dos objetivos do Congresso", disse Gavião.
1º Congresso Paralímpico Brasileiro
Sexta-feira, 19
08h00
Credenciamento
08h30 - 09h00
Abertura
Fernando Ferreira Costa - Reitor da UNICAMP
Orlando Silva de Jesus Junior - Ministro do Esporte
Andrew Parsons - Presidente do CPB
Paulo Ferreira de Araújo - Diretor - FEF/UNICAMP
Edison Duarte - Presidente do Congresso - FEF/UNICAMP
Pedro Paulo Abreu Funari - Ceav
09h00 - 09h30
Esporte Paralímpico no Brasil: atualidades e perspectivas - Palestra
Andrew Parsons – Presidente do CPB
Coordenação: Paulo César Montagner - FEF/UNICAMP
09h30 – 11h30
Classificação Funcional - Mesa Redonda
Patrícia Silvestre de Freitas – UFU
Peter Van de Vliet - DM – IPC
Helder Costa Filho DV – CPB
Coordenação: Ciro Winckler de Oliveira Filho – UNIFESP/SANTOS
11h30 – 12h30
Sessão de Pôster - Ginásio FEF
Coordenação: Comissão Científica
12h30 - 14h00
Intervalo para Almoço
14h00 -16h00
Formação de Recursos Humanos para o Esporte Paralímpico - Mesa Redonda
Michael Cary - IPC Academy - Inglaterra
José Júlio Gavião - FEF/UNICAMP
Alberto Martins da Costa - UFU
Coordenação: Edison Duarte - FEF/UNICAMP
16h15 - 16h30
Coffee Break
16h30 - 18h30
Palestra: Treinamento em Esporte Paralímpico
Marco Cardinale - British Olympic Association - UK
Coordenação: Patrícia Silvestre de Freitas - UFU
16h30-18h30
Palestra: Formação de Novos Atletas
Colin Higgs - International Council for Sport Science and Physical Education - Canadá
Coordenação: Roberto Vital - CPB
Sábado, 20
9h00-12h00
Mini-Cursos:
- Esgrima – Salão de Dança FEF
Válber Nazareth – Academia da Força Aérea
- Vôlei sentado - Ginásio FEF
Ronaldo Gonçalves de Oliveira – ABVP
Amauri Ribeiro - ABVP
- Rúgbi - Ginásio FEF
Mateus Betanho Campana – FEF/UNICAMP
Luís Felipe C. C. de Campos – FEF/UNICAMP
Eduardo Mayr - ABRC
Carlos Sigmaringa - ABRC
- Remo – Sala da Congregação FEF
José Paulo Sabadini de Lima - Confederação Brasileira de Remo
Coordenação: Anselmo de Athayde Costa e Silva - FEF/UNICAMP
12h00 - 14h00
Intervalo para Almoço
14h00-17h00
Mesa Redonda: Avaliação em Esporte Paralímpico
Benedito Sergio Denadai – UNESP/RC
José Irineu Gorla - FEF/UNICAMP
Marco Túlio de Mello - CEPE/UNIFESP
Coordenação: Alberto Martins da Costa - UFU
17h00 - 17h30
Coffee Break
17h30
Encerramento
Andrew Parsons - Presidente CPB
José Júlio Gavião de Almeida – FEF/UNICAMP