Por CBTM
Uma análise feita pela Associação dos Professores Inativos da Universidade Federal Fluminense (Aspi-UFF), colaboradora do grupo Niterói Como Vamos, trouxe luz sobre um tema pouco debatido na cidade: o acesso dos deficientes físicos ao esporte.
Ao longo do segundo semestre de 2010, as integrantes da Aspi-UFF Ceres de Moraes, Irene Gallindo e Teresinha Lankenau se dedicaram a avaliar a oferta de atividades físicas aos deficientes de Niterói, visitando sete instituições especializadas.
Para as pesquisadoras, as opções ainda são muito reduzidas, mas, graças ao esforço de algumas entidades e à maior atenção do poder público, o cenário está melhorando.
A equipe visitou a Associação Fluminense de Amparo aos Cegos (Afac), a Associação Fluminense de Reabilitação (AFR), a Escola Estadual de Educação Especial Anne Sullivan, a Associação dos Pais e Amigos dos Excepcionais (Apae), a Associação de Pais e Amigos dos Deficientes da Audição (Apada), a Associação Niteroiense dos Deficientes Físicos (Andef) e a Associação Pestalozzi.
Entre elas, a Andef, a Pestalozzi e a Apae tiveram destaque na área esportiva. Essa última conta com dois professores de educação física para acompanhar os alunos na prática de natação, futebol, futsal, corrida, lançamento de pelota e tênis.
Niterói tem três grupos de dança para deficientes
Segundo o estudo, o gasto da Andef com o departamento esportivo chega a R$1 milhão por mês. Para manter o investimento, a instituição conta com diversos patrocinadores, inclusive o Comitê Paralímpico Brasileiro.
Atletas sem deficiência também treinam na Andef, o que, para as pesquisadoras da Aspi-UFF, é um ótimo exemplo da chamada inclusão inversa, que leva para o ambiente dos deficientes pessoas que não vivem essa realidade. Entre os 1.331 atletas da entidade, 418 são deficientes.
As modalidades oferecidas incluem futebol, natação, basquete, vôlei, bocha, Tênis de Mesa, rúgbi e dança em cadeira de rodas. Em 1999, foi criado pela Andef o grupo de dança Corpo em Movimento, que se apresentou em dezembro no evento de homenagem ao ex-presidente Lula no Rio.
--- No aniversário de Niterói, conversei com todos os dançarinos. Eles dizem que passaram a ser vistos como as outras pessoas depois da dança. É vital para a autoestima --- avalia a professora Ceres.
--- Há mais dois grupos de dança para deficientes em Niterói. Um deles é o Giro, criado em 1988. O outro é o projeto Dança para Portadores de Necessidades Especiais, da prefeitura, com aulas semanais na Concha Acústica. A prefeitura dá apoio a eventos também. Em 2009, foi o caso da Copa Brasil de Futebol de Amputados. Mas é preciso ter mais investimento.
As instalações da Andef são usadas para treino pelas seleções brasileiras de diferentes modalidades, como futebol para cegos. De acordo com o estudo da Aspi-UFF, a instituição tem destaque também na formação de atletas. Nos Jogos Paralímpicos de Atenas, em 2004, 10% da delegação brasileira era de atletas da Andef. Eles conquistaram duas medalhas de ouro e uma de prata.
A análise da Aspi-UFF traz exemplos de integração entre as instituições na área esportiva. As Olimpíadas Especiais, realizadas em 2007 e 2009 na Andef, tiveram participação de atletas da Apae de vários municípios vizinhos a Niterói. A Pestalozzi foi outra participante do evento.
Nessa entidade, adaptações permitem que os deficientes pratiquem modalidades olímpicas tradicionais como o lançamento de peso, substituído pelo lançamento de pelota, e o salto em distância, que é feito sem a etapa da corrida antes do salto. Há também vôlei e atletismo.
--- Temos procurado participar de competições em nível municipal, estadual e até federal — diz Jussara Freitas, gestora educacional da Pestalozzi.
Já as entidades que não têm instalações esportivas apostam na integração com o entorno.
--- É comum que encaminhem os deficientes para a prática de esportes em clubes vizinhos, o que é bom para a inclusão --- relata Irene Gallindo.