Por CBTM
Maior medalhista de ouro brasileiro na história dos Jogos Pan-Americanos, Hugo Hoyama estará em Santos neste sábado (22) para workshop sobre Tênis de Mesa no SESC
São 14 medalhas conquista-das em Jogos Pan-Americanos. Nove delas de ouro, sendo a última na edição do Rio de Janeiro, em 2007. O Tênis de Mesa pode não ser hoje a modalidade de mais mídia no País, mas o brasileiro mais vitorioso na história do Pan - e um dos mais ganhadores do esporte nacional - é Hugo Hoyama, que estará em Santos neste sábado (22), a partir das 15 horas, no SESC Santos (Rua Conselheiro Ribas, 136, Aparecida), para um workshop.
"Sempre que participo desses eventos, a ideia é dar motivação ao pessoal. Quero passar minha experiência, conversar com eles, e de alguma forma incentivá-los a seguir na modalidade", conta Hoyama, 42 anos, que concedeu, por telefone, uma entrevista exclusiva ao Boqnews.com.
Jornal Boqueirão - Você já veio a Santos em outras oportunidades. Como você vê a qualidade técnica dos atletas locais, e mesmo estrutural para o Tênis de Mesa na Cidade?
Hugo Hoyama - Santos sempre teve jogadores e equipes de destaque, participando de torneios sul-americanos e até mundiais.. O trabalho que está sendo feito é bem legal. Até por isso, é importante essa iniciativa da qual vou poder participar, de poder dividir com esses atletas a experiência de já ter disputado Jogos Olímpicos e outros torneios.
JB - O Tênis de Mesa é um dos esportes mais praticados em escolas, principalmente entre os mais jovens. Acredita que isso é um fator que, se mais bem trabalhado, pode ajudar o Brasil a não ser somente uma potência continental?
HH - Acredito que sim. Todo mundo gosta de pelo menos brincar no pingue-pongue. Eu comecei assim, e foi por essa brincadeira que me tornei profissional. E nesse workshop, uma ideia é também mostrar as diferenças do Tênis de Mesa, do próprio material de jogo.
JB - 2011 é ano de Jogos Pan-Americanos. Considera que o momento do Tênis de Mesa brasileiro, mesmo sem atletas no top 100, assemelha-se ao de 2007, quando você, ao lado do Gustavo Tsuboi e do Thiago Monteiro, conquistou o ouro?
HH - As chances serão iguais a 2007. Independentemente do ranking do pessoal, não mudou muita coisa em relação a quatro anos. São praticamente os mesmos jogadores na maioria das seleções. E estamos mais experientes. Principalmente nas disputas por equipes, as chances de ouro são bem reais. O principal será a concentração.
JB - Por falar em torneios antigos, qual o torneio de que mais tem boas lembranças?
HH - Olha, disputar uma Olimpíada é sempre uma experiência inesquecível. Acho que em 1996 (Atlanta, Estados Unidos) foi especial por ter vencido, na fase de grupos do torneio individual, o cara que era o então campeão do mundo (NR.: o jogador em questão é o sueco Jorgen Persson. Na ocasião, Hoyama ficou em nono lugar nas disputas olímpicas). E, sem dúvida, o Pan-Americano do Rio não tem como esquecer. Ganhamos em casa, empurrados pelo pessoal que foi ver os jogos. Sei que de alguma forma, a campanha no Rio deu uma nova motivação ao Tênis de Mesa.
JB - No Pan do Rio, era bastante comum ver certas equipes contarem com jogadores chineses, justamente a nação em que o esporte é a modalidade número um. O que pensa desse processo de naturalização?
HH - Era algo mais comum, mas a federação internacional (ITTF) andou agindo nesse sentido, pois estava havendo um excesso dessa exportação. Eu vejo de duas formas. Se o chinês veio para cá, ficou treinando por aqui, vivendo aqui, passando a experiência dele para os demais atletas daquele país, eu acho válido. Mas se ele vier apenas como contratado para disputar um torneio, não acho legal não. Tem um exemplo interessante: há um chinês dominicano entre os 80 primeiros (NR.: Lin Ju, 77º colocado da ITTF), enquanto o segundo melhor dominicano está para lá do 300º lugar (NR.: Juan Vila, 459º colocado). Naturalização dessa forma não ajuda em nada o Tênis de Mesa daquele país. Mas, para nós, chega até a ser mais gostoso ganhar deles assim (risos).
JB - Ao lado do Cláudio Kano, você é o grande ídolo do Tênis de Mesa brasileiro. Naturalmente, um esporte necessita sempre de ídolos para se manter aceso no interesse de seus praticantes. Pensa que os outros três mesatenistas mais bem rankeados (Thiago Monteiro Gustavo Tsuboi e Cazuo Matsumoto) estão preparados para chegar a um patamar semelhante de idolatria?
HH- Penso que sim. Os três são jovens, mas também já têm bastante experiente. Quero poder ajudá-los nesse processo. Ainda estou em atividade e treino forte para continuar servindo a seleção, mas espero que, mesmo quando deixar a mesa, tenha a possibilidade de dar esse apoio aos três.
JB - Você jogou as últimas temporadas defendendo o Palmeiras. Aqui na região, o Estrela de Ouro tem uma parceria com o Santos para a equipe de Tênis de Mesa. Considera que essa integração do esporte com o futebol é benéfica à modalidade?
HH - Com certeza. Há ainda o Corinthians, que tem parceria com Suzano. A presença desses grandes clubes só é positiva. A gente nota que mesmo quem não torce para os times, sente-se bem, valorizado, disputando um torneio nacional uniformizado, com a camisa de um clube grande do futebol. Além disso, a própria mídia fica mais atenta.