Por CBTM
Ele não faz gol, nem tem milhões de fãs espalhados pelo País vestindo a sua camisa. O maior recordista de medalhas de ouro em Jogos Pan-Americanos para o Brasil tem o biotipo mignon, olhos puxados e joga tênis de mesa, esporte popularizado como ping-pong. Não, ele não é um asiático naturalizado brasileiro. Dono de nove medalhas de ouro conquistadas em quatro edições do Pan, Hugo Hoyama pode até ter herdado a concentração e a rapidez de raciocínio e movimentos dos descendentes da Ásia, mas é natural de São Paulo. Na América Latina, o Brasil é disparado o País que mais descobre e prepara talentos no tênis de mesa, sendo sempre colocado entre os favoritos em Sul-Americanos e Jogos Pan-Americanos e jamais voltando para casa de mãos vazias. O domínio maior acontece entre os homens, tetracampeões por equipes no Pan e favoritos ao pódio em Guadalajara, em outubro, no México. A principal preocupação este ano será com a Argentina e a República Dominicana, pois ambos terão como representantes atletas chineses naturalizados. O tênis de mesa começou a ser implantado no Brasil em 1905, através de turistas ingleses, mas, apenas em 1912, foi realizado o primeiro campeonato oficial, o Paulista. A partir de então, o esporte travou uma disputa de altos e baixos para se firmar nacionalmente, processo que começou em 1942, com a fixação das regras na Confederação Brasileira de Desporto (CBD). Com o tempo, a prática se difundiu e possui, hoje, mais de 20 mil praticantes em todo o País.
Poucos sabem, mas essa modalidade tem tradição de revelar atletas de alto nível no País, a exemplo não só de Hoyama, mas também de Cláudio Kano, um dos destaques em número de medalhas conquistadas em Pan - 12 no total, sendo sete de ouro. Uma das estrelas do esporte brasileiro na década de 90, ele faleceu às vésperas da Olimpíada de Atlanta-1996, em um acidente de moto.
"Essa prática está se tornando bastante comum e serão as pedras no sapato do Brasil. O Canadá não está naturalizando ninguém, mas vem passando por um forte processo de renovação. Apesar disso, o País desponta entre os melhores e deve conquistar medalhas", apostou o atleta e professor do tênis de mesa do Sport, Domingos Sávio, creditando o crescimento do esporte no País à organização da Confederação Brasileira da modalidade (CBTM). "Está havendo uma melhor estruturação no acompanhamento dos novos atletas, com chances de intercâmbio e participação de competições em outros países. Isso é fundamental".
Muitas pessoas procuram a modalidade como atividade de lazer, já que é possível ter a estrutura das mesas em condomínios. Para ser um mesatenista profissional, no entanto, é necessário ir além. "É imprescindível ter velocidade e bom jogo de pernas na movimentação. O tempo de reação e a concentração para decidir qual jogada fazer em centésimos de segundo também faz a diferença. Fora isso, é muito treino, cerca de seis a oito horas diárias, entre técnico, tático e físico", explicou Domingos.