Por CBTM
Durante a preparação para os Pan-Americano de 2007, Carlos Arthur Nuzman dizia que construir instalações em nível olímpico aumentaria custos, mas beneficiaria uma futura candidatura olímpica da cidade.
O alto padrão dos locais de competição do Pan, porém, não impediu que o orçamento olímpico do Rio de Janeiro para 2016, considerando apenas instalações esportivas, chegasse à marca de R$ 1,5 bilhão.
Na sexta-feira, o UOL Esporte teve acesso ao dossiê de candidatura do Rio de Janeiro, um calhamaço de quase 600 páginas, que foi entregue para o Comitê Olímpico Internacional - o Rio concorre pelo direito de organizar os Jogos com Chicago, Madri e Tóquio.
Somando custos de construção de novas arenas, reformas das existentes e adaptação dos locais de competição (overlays), o total chega a R$ 1,59 bilhão. O projeto prevê a construção de nove instalações esportivas, além de usar sete locais de competição temporários e 18 arenas já existentes.
Essa conta não abrange, por exemplo, as adaptações que o Maracanã, palco das cerimônias de abertura e encerramento dos Jogos, sofreria, já que o estádio será completamente reformado para a Copa do Mundo de 2014, no Brasil.
O caso é o mesmo dos outros estádios que devem ser usados para o futebol: Morumbi (São Paulo), Mineirão (Belo Horizonte), Mané Garrincha (Brasília) e Fonte Nova (Salvador).
Já o legado do Pan-Americano, que será usado completamente, exigirá mais trabalho. Das 18 instalações que já estão prontas, dez seriam usadas sem reformas significativas. Dessas, cinco são os estádios de futebol, citados acima.
Os outros são o Riocentro, que terá pavilhões adequados para Tênis de Mesa, boxe, e badminton, a Arena Multiuso, que receberá as competições de ginástica, e o Maracanãzinho, para o vôlei.
Outras heranças do Rio 2007 terão de ser bastante alteradas. Os exemplos mais significativos são o Engenhão e o parque aquático Maria Lenk. O primeiro, considerado o mais moderno estádio de atletismo das Américas, terá sua capacidade aumentada para 60 mil espectadores (atualmente abriga 45 mil), ao custo de R$ 82,5 milhões.
Agora, membros do COI analisam os dossiês de candidatura, um documento mais extenso e preciso, que mostra como seriam as Olimpíadas em cada uma das cidades. Uma comissão do COI visita cada uma das cidades que seguem no páreo, analisam projetos, visitam instalações e elaboram um relatório autonômo.
Todos os membros do COI com poder de voto recebem essas informações e, no dia 2 de outubro, decidem qual cidade receberá os Jogos. Nesse meio tempo, é comum que as cidades travem uma guerra de marketing e campanhas publicitárias, tentando convencer os membros do COI a embarcar em seu projeto.
O Maria Lenk está em situação pior. Com capacidade para apenas 6,5 mil pessoas, o parque aquático é muito pequeno para abrigar a natação, não pode ser aumentado e só irá receber competições de saltos ornamentais e pólo. Tudo isso ao custo de R$ 17,2 milhões.
Além dele, outras reformas que chamam a atenção pelo custo elevado são o velódromo, que exigirá mais R$ 70 milhões para receber as Olimpíadas, e o centro nacional eqüestre, que será reformado por R$ 21,4 milhões.
Os preços das reformas do velódromo e do Engenhão, os dois mais caros, rivalizam, inclusive, com os custos das arenas que devem ser construídas. O centro nacional de tênis, com um estádio para 10 mil pessoas e duas quadras para 5 mil e 3 mil espectadores, além de quadras auxiliares, vai custar R$ 92,3 milhões.
Já o estádio aquático, que chega para suprir a lacuna do Maria Lenk, terá capacidade para 18 mil pessoas e custará R$ 75,7 milhões. A Arena de Esgrima, em Deodoro, será ainda mais cara: R$ 82 milhões.
Xodó do Comitê de Candidatura, outra obra nova é o X-Park, o parque de esportes radicais que está planejado para Deodoro. O local custaria no mínimo R$ 65,4 milhões (soma do custo do centro olímpico de BMX e do estádio de corredeiras).