Por CBTM
Confira aqui a tradução da reportagem:
A Confederação Brasileira de Tênis de Mesa tem um vasto programa de eventos internacionais em 2007 e 2008, um calendário que faria muitos presidentes de federações nacionais se dar por satisfeito. Esse não é o caso de Alaor Azevedo. Ele quer ainda mais.
Aos 52 anos, médico por profissão e presidente da CBTM há 21 anos, Alaor Azevedo levou o tênis de mesa de seu país do nível zero a padrões mundiais. O Brasil agora compete na primeira divisão do Campeonato Mundial por Equipes Masculino e é um dos países mais ativos em termos de receber eventos internacionais.
Em 2007, o calendário brasileiro incluiu três competições de grande relevância: o Campeonato Latino-Americano em Guarulhos/SP em março, o Liebherr Brazilian Open, em Belo Horizonte/MG em abril e os Jogos Pan-Americanos no Rio de Janeiro/RJ em julho.
Um ano elétrico e certamente tempo para respirar fundo para se preparar para o ano olímpico de 2008, mas esse não é o estilo do enérgico Alaor Azevedo. Mais uma vez o Brasil receberá uma etapa do ITTF Pro Tour e Rio de Janeiro será a casa do maior evento de todos em termos de participantes, o Campeonato Mundial de Veteranos com seus dois mil atletas.
É um plano audacioso, mas o presidente ainda não está satisfeito. “Planejamos ser candidatos para o Mundial Sênior de 2011”, diz enfaticamente. “Tentamos em 2003, quando perdemos para Paris, agora temos mais experiência em sediar grandes eventos e tenho certeza de que podemos oferecer um bem sucedido Campeonato Mundial”.
Sem dúvida ele pode e se o Rio de Janeiro for escolhido, a cidade por ela mesma, única e com tudo o que um visitante pode desejar, seria uma escolha que agradaria em cheio.
Alaor Azevedo, que tem três irmãs e dois irmãos, foi apresentado ao tênis de mesa em 1967 em sua cidade natal, Itajubá, no estado de Minas Gerais, cerca de 330km do Rio de Janeiro. Ele jogava na casa de vizinhos, chegou a ser campeão nas categorias de base e representou o Brasil no Campeonato Sul-Americano Júnior em São Paulo 1971 e nos Mundiais Sênior de Calcuta 1975 e Birmingham 1977.
Ele ganhou títulos universitários, mas não teve maiores êxitos em âmbito nacional – sua carreira profissional era a prioridade. Em 1970 sua família se mudou para Santos, onde morou por dois anos antes de iniciar os estudos de medicina na Universidade Federal do Rio de Janeiro.
A decisão de estudar no Rio de Janeiro tinha alguma influência do tênis de mesa. As alternativas seriam São Paulo ou Belo Horizonte, mas apareceu uma proposta da equipe do Fluminense. Ele jogaria pelo clube e, em contrapartida, teria seus estudos pagos na faculdade de medicina se ele não fosse aprovado nos exames para instituições públicas. O Fluminense ainda é o clube que ele representa e equipe de futebol pela qual torce fervorosamente.
Foi uma oferta generosa mas mostrou-se dispensável: 32 mil candidatos, 300 vagas e Alaor foi aprovado em 28º. lugar, garantindo sua vaga na faculdade onde faria seus estudos de 1973 a 1978.
Formou-se, entrou para o Hospital dos Servidores do Estado do Rio de Janeiro e chegou a diretor geral na ocasião do cinqüentenário do hospital. Em um período de menos de 20 anos, Alaor progrediu ao cargo máximo no hospital que, em 1962, havia sido votado o melhor da América Latina pela Associação Americana de Hospitais.
No início de sua vida profissional, não existia uma confederação de tênis de mesa autônoma, o esporte era um dos vários sob a tutela da Confederação Brasileira de Desporto (CBD). Na época, Alaor Azevedo era presidente do departamento de tênis de mesa. A CBD transformou-se na Confederação Brasileira de Futebol e a CBTM também acabou sendo formada.
Compromissos profissionais como médico afastaram Alaor Azevedo da rotina como presidente e entre 1979 e 1985 ele deixou o mundo do tênis de mesa. A pedido de amigos, que conheciam sua trajetória no esporte, ele voltou em 1985 como diretor da CBTM e em 20 de janeiro de 1986 foi eleito presidente, posição que ocupa desde então. Além disso, Ivam Passos foi eleito presidente executivo e ficou ao lado de Alaor Azevedo durante todo o tempo.
“Minha primeira decisão, o que era um tanto impopular, foi renovar a equipe masculina”, diz Alaor. “Mantive Cláudio Kano no time, ao lado de jovens jogadores: Hugo Hoyama, Carlos Issamu Kawai e Edson Fumihiro Takahashi”.
Foi uma decisão importante do recém-eleito presidente, que logo colheu os frutos. “Em 1987 ganhamos a competição por equipe masculina no Campeonato Sul-Americano”, diz Alaor. “Batemos o Chile na final por 5 a 4, a partida terminou às 4 da manhã e Edson Fumihiro Takahashi ganhou a partida decisiva com um 21 a 19 no terceiro game!”.
Cláudio Kano foi o herói do dia e a partida está viva ainda na cabeça de Alaor Azevedo. “Jogamos em Friburgo, próximo ao Rio de Janeiro”, diz Alaor. “Eu via naquele momento que havia tomado a decisão correta”.
Ambos Cláudio Kano e Hugo Hoyama conquistaram importantes resultados de relevância internacional; Cláudio Kano, que faleceu inesperadamente de acidente de trânsito em 1996, derrotou duas vezes o coreano Yoo Nam Kyu, enquanto Hugo Hoyama tem em seu histórico de vitórias sobre antigos campeões mundiais, Jorgen Persson e Kong Linghui.
Um sucesso quase que imediato e 20 anos depois Alaor Azevedo ainda está motivado como sempre, tendo criado uma estrutura dentro da CBTM que produz mais e mais resultados. “Acredito que uma boa administração é essencial, é importante que os funcionários estejam motivados. Claro que com o passar dos anos você aprende com a experiência a melhor maneira de seguir em frente”, diz Alaor Azevedo. “Quando contratamos um funcionário nós dizemos claramente a ele o que queremos, o que esperamos e eles recebem um salário fixo mais um bônus”.
O resultado é que os membros do corpo administrativo estão motivados e quando têm que trabalhar longas horas eles são recompensados por isso. “A carga horária de trabalho oficial no Brasil é de 44 horas semanais, mas o bônus nos dá flexibilidade”, explica Alaor Azevedo. “Temos um programa descentralizado, delegamos as funções e esperamos uma abordagem responsável de cada empregado”.
Igualmente, Alaor Azevedo investe muitas horas de sua semana em sua função como presidente; ele equilibra o trabalho como consultor para o serviço de saúde local com seus deveres com o tênis de mesa; em média, são quatro horas por dia para o esporte.
“Você tem que saber identificar o que é importante e o que não é importante, o que é urgente e o que não é urgente”, diz ele. “Você deve dar 30% do seu tempo para o trabalho importante, mas que não é urgente”.
Um comentário que vale destacar, feito por um homem que lidera e dá exemplos: “Sempre tento estar na hora com meus compromissos, o que é incomum na América Latina!”, sorri ele. “Talvez isso me faça alguém diferente, mas é importante”.
O fato de colocar um grande valor a cumprir horários reflete o desejo de ver o Brasil na vanguarda do tênis de mesa; quando o ITTF Pro Tour foi criado em 1996, ele queria seu país entre os anfitriões logo de início e o lugar do Brasil logo passou a estar reservado no calendário anual. “Acho que é bom estar no programa desde o início, às vezes tentar se juntar ao grupo mais tarde pode ser um problema”, explica Alaor Azevedo. “Todos os anos tentamos melhorar e para isso temos a ajuda da ITTF; negociamos um preço especial para as mesas dos Jogos Olímpicos de Atlanta; hoje estamos equipados para qualquer evento de primeira linha”.
O Brasil está na trilha dos grandes eventos e isso significa maior cobertura de jornais e televisão. A cada instante a capacidade do Brasil organizar competições está se aprimorando. “Estamos aprendendo constantemente; nossos jogadores veteranos nos perguntaram se poderíamos sediar o Mundial, então nos candidatamos e vencemos”, explica Alaor Azevedo. “Estamos evoluindo. Visitei diversas federações nacionais para tentar aprender um pouco com elas e convidamos pessoas como Britta Gerlach, da Alemanha, para nos ajudar; a troca de idéias é crucial”.
O humor de Alaor Azevedo, casado e pai de um filho e duas filhas, é positivo; está sempre querendo ir adiante, melhorar. Ele é realista mas tem seus sonhos e seu próximo sonho é receber o Campeonato Mundial no Brasil em 2011, talvez no Rio de Janeiro, uma cidade que herdou as excelentes instalações dos Jogos Pan-Americanos 2007.
No momento isso ainda é um sonho, mas um sonho que pode perfeitamente se tornar realidade e se isso acontecer, será que Alaor Azevedo estará satisfeito e não mais sonhará? Duvido.
Alaor Azevedo se tornou presidente da CBTM em 1986; desde então os dados de evolução são impressionantes.
O Brasil progrediu de...
- Nenhum árbitro internacional para 300.
- Um torneio por ano para mais de 15.
- Nenhum técnico com dedicação exclusiva para mais de 100 vivendo do esporte.
- Dez estados afiliados para 27.
- Nenhum membro nos comitês internacionais para sete posições ocupadas por brasileiros:
Alaor Azevedo é membro do Comitê Diretor da ITTF, do Comitê de Gestão do ITTF Pro Tour, do Grupo Internacional de Veteranos e do Grupo de Trabalho Paralímpico.
José Zipperer é membro do Comitê de Regras da ITTF.
Marles Martins é membro do Comitê de Ranking da ITTF.
Luis Henrique Vilani é membro do Comitê de Ciências do Esporte.
- De lugar nenhum para a primeira divisão do Campeonato Mundial por Equipes Masculino.
- Pouca estrutura para equipamentos mais do que suficientes para eventos.
- Nenhum evento internacional para três em 2007 e dois em 2008.
- Nenhum jogador de gabarito internacional para atletas que podem estar entre os melhores.
- Pouco investimento técnico para técnicos expert e com dedicação integral.
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