Por CBTM
Vestido com o uniforme de competição e com a medalha de prata na mochila, Luiz Algacir Vergílio da Silva internou-se em julho de 2009 para tratar-se de um câncer.
Superar barreiras era uma constante para ele desde a adolescência. Aos 15 anos, subiu num pé de manga em Foz do Iguaçu (PR), onde morava, desequilibrou-se e caiu do alto, machucando a coluna --- o acidente lhe custou a perda dos movimentos das pernas.
No começo, tinha vergonha de sair de casa. Até que, no início dos anos 1990, passou a fazer fisioterapia na ADFP (Associação dos Deficientes Físicos do Paraná) em Curitiba, e, lá, foi convencido pela atleta Maria Luiza Passos a treinar tênis de mesa.
Luiz fazia pequenos trabalhos de informática na associação e, no resto do tempo, praticava o esporte. A rotina era puxada: treinava seis horas por dia, todos os dias.
Seu técnico, Benê, diz que ele se tornou o melhor mesa-tenista cadeirante do país. Maria Luiza impressionava-se com a frieza com que jogava. Após dois ouros nos Parapanamericanos do Rio, veio o auge: em 2008, conquistou a prata nas Paraolimpíadas de Pequim. Nas próximas, pretendia ganhar um ouro.
Quando se aposentasse no esporte, sonhava em dar aulas de tênis de mesa a crianças. Vanessa, a irmã, conta que Luiz sempre espantava a tristeza ao seu redor. Na associação, "azucrinava" todo mundo com suas brincadeiras. Internado desde julho, não resistiu a um derrame e morreu no sábado, aos 36 anos.