Por CBTM
Cinco Olimpíadas, 15 Mundiais, seis Pan-Americanos e o recorde de ouros para o Brasil nesta competição continental. Por muito menos, a maioria dos esportistas já consideraria uma aposentadoria, feliz da vida com o resultado. Mas não é o caso do mesatenista Hugo Hoyama. O paulista, que completa 40 anos neste sábado, ainda não pensa em pendurar a raquete. Pelo contrário, já traçou objetivos de longo prazo: quer disputar mais um Pan e sonha em encerrar a carreira com a vaga para se conseguir um espaço na seleção brasileira que representar o país nos Jogos Olímpicos na Inglaterra, Hoyama igualara a atual marca de Torben Grael, como esportista com mais participações olímpicas, com seis. Além disso, pode ampliar o recorde no Pan, com seus nove ouros no tênis de mesa --- são 14 pódios no total, com uma prata e três bronzes. --- Eu coloquei um objetivo na minha cabeça e quero estar no próximo Pan e nas Olimpíadas de 2012 --- disse ele, em entrevista por telefone ao UOL Esporte. Mesmo com a eliminação precoce no Mundial de Tênis de Mesa, na última semana, ele segue no Japão. --- O que me ajudou bastante é ter traçado estas metas lá no início da minha carreira, podendo me preparar para suportar muito tempo. Ainda estou bastante animado, motivado e com fôlego para treinar firme e forte, defendendo a seleção brasileira --- explicou ele. As limitações da idade no esporte, que exige rapidez e flexibilidade, são apenas o começo, já que os problemas estão do outro lado da mesa. --- Tenho de usar a experiência, que conta muito no tênis de mesa, inclusive para garantir minha vaga na seleção, já que não tenho lugar cativo. Sabendo que a força do Brasil em nível mundial ainda não é suficiente, o mesatenista aposta realmente no Pan de Guadalajara, em 2011. Com 23 anos apenas de seleção brasileira --- ele começou no tênis de mesa aos sete anos, em São Bernardo do Campo (SP) --- Hugo Hoyama viveu diversas gerações do tênis de mesa nacional e internacional e esteve presente nas mudanças que foram transformando a modalidade. ---O esporte mudou, assim como a cabeça dos atletas. Os campeonatos são mais organizados, a premiação é maior... Dá até mais gosto jogar hoje, e a garotada tem de aproveitar ---, analisou ele, comentando também sobre o fato de atualmente haver um circuito internacional de menores, que prepara os novos talentos. --- Não penso muito na despedida definitiva. Já disse adeus duas vezes e não deu certo. Já me sinto realizado, há muito tempo. Então, enquanto tiver condições, vou continuar. Mas terei de lutar.
Mas este paulista afirma que não são números que o motivam a seguir empunhando a raquete contra garotos com metade de sua idade, mas o gosto pelo esporte.
O segredo de Hoyama, segundo ele, é que seus objetivos foram traçados ainda no início de sua carreira, permitindo que ele pudesse continuar por muitos anos jogando em alto nível.
O paulista garante ter força física e psicológica para seguir brigando, apesar de admitir que ainda sente aquele frio na barriga antes de estrear em qualquer competição. A luta, aliás, é cada vez mais dura para um dos vovôs do circuito.
--- É duro enfrentar os mais jovens. Eles colocam na cabeça que o favoritismo é meu. Então, vêm e soltam o braço --- contou o torcedor do Palmeiras.
Entre os talentos mais recentes do Brasil, elogiados por Hoyama, estão nomes como Gustavo Tsuboi e Thiago Monteiro, que nas disputas individuais das Olimpíadas de Pequim caíram logo na primeira fase da competição.
--- Com certeza o Pan é meu objetivo maior. Não apenas pelo recorde, mas pelos resultados que sei que posso obter pelo Brasil. Sempre coloco os resultados à frente, quero vencer pelo Brasil --- disse ele, detentor na competição de quatro ouros por equipe (1987, 1991, 1995 e 2007), três por duplas (1991, 1995 e 2003) e dois individuais (1991 e 1995).
Entre os rivais, a maior diferença foi o início da naturalização de chineses, que passaram a defender os mais diversos países, um processo que já tem cerca de 15 anos, mas segue incomodando.
Para ele, a maior diferença da década de 1980 para cá é a profissionalização que se deu no que antes era visto pela maioria apenas como o tradicional pingue pongue.
Com tanto gosto pela raquete e a bolinha de tênis de mesa, Hoyama até evita falar no adeus.