Por CBTM
Jan-Ove Waldner foi medalha de ouro nos Jogos Olímpicos de Barcelona, em 1992, prata em Sudney, em 2000, campeão europeu e por duas vezes campeão mundial. E a lista de títulos não para por aí, ela é enorme. Digna de um atleta que tem é chamado por alguns de Mozart do Tênis de Mesa e por outros de Michael Jordan da modalidade.
Em entrevista, o mesatenista contou falou um pouco sobre a sua carreira e seu estilo de jogar.
Em quais sentidos o Tênis de Mesa mudou ao longo de sua carreira?
Minha resposta não é sobre as regras, e sim sobre como o jogo em si se modificou. Ele ficou muito mais rápido. Além disso, hoje em dia, nós vemos muitos atletas com um jeito robótico de jogar. São poucos os que realmente têm estilo.
As mudanças que falou são causadas por causa dos equipamentos ou pelos métodos de treino?
As duas coisas estão conectadas e são consequência uma da outra. Quando o equipamento se torna mais veloz, os jogadores têm devem se tornar mais rápidos e fortes. A evolução é inevitável. O que você precisa fazer é olha para o modo como eu jogava no começo dos anos oitenta e comparar com o fim dos anos oitenta. Ou então comparar o jogo de hoje com o de dez anos atrás. As diferenças são bem grandes e mostram a evolução natural de equipamento e treinamento.
Quais mudanças você gostaria para o Tênis de Mesa?
Eu quero competições maiores e mais sérias. Está tudo meio estagnado. O desenvolvimento a partir da internet e da televisão é uma coisa boa, mas, poderia ser melhor. Nesse quesito, a situação na China é bem melhor do que na Europa.
O que você acha de só poderem competir dois atletas de cada país nas Olimpíadas e no Campeonato Mundial?
É inútil. Acho que os melhores atletas deviam jogar. Se um determinado país é melhor, que seja. Que os outros trabalhem para poder alcançar.
A China tem um grande valor para você, como jogador. Quando foi a primeira vez que visitou o país?
Foi em 1980.
E como isso o afetou, como jogador?
Trabalho árduo ganhou outro significado para mim. Me fez entender o que eu realmente precisava para me tornar o melhor jogador do mundo.
Você sempre será lembrado por seu saque. Qual era a ideia dele, como ele funcionava dentro do jogo?
Eu sempre tentei entender o oponente antes da partida. Eu estudo ele e tento montar uma série de táticas que poderia usar contra ele. As táticas são diferentes, dependendo do adversário. Mas, eu sempre defino algumas táticas que devo seguir no jogo.
E o que você faz quando joga contra um adversário que é totalmente desconhecido?
Eu observo como o oponente se move e como ele segura sua raquete. Depois disso, eu tento alguns saques para ver como ele reage e, então, acho as táticas apropriadas.
Qual parte do seu jogo teve um maior tempo de desenvolvimento?
A parte de sacar e de receber os saques. Eu treinei muito meu saque e disputei muitas partidas. E eu aprendi a como receber o saque adversário assistindo a outros jogadores e depois tentando eu mesmo.
De onde você tirou a sua incrível habilidade de ler o jogo?
Quando eu era criança sempre joguei jogos com bola e aprendi como elas se comportam e reagem. Assistir a muito Tênis de Mesa e outros esportes também ajudou. Se eu já joguei com um atleta ou já o vi jogar antes, eu sempre lembro suas forças e fraquezas. Eu sempre estudo os jogadores antes de uma partida. Nunca deixo nada para a sorte e isso faz com que eu empregue sempre a tática certa.
Alguns dizem que você praticava muito pouco quando era criança e que sempre confiou em seu talento quando jovem. O que você acha disso, é verdade?
Eu jogava de seis a sete horas por dia quando tinha por volta de 14 anos. E praticava com a seleção da Suécia todas as manhãs e tardes. Às vezes, jogava por minha conta entre as sessões de treinamento. Além disso, podemos colocar na conta todas as partidas e campeonatos. Se isso é muito ou pouco, deixemos os outros decidirem.
Como a Europa pode novamente bater a China?
Vai ser bem difícil. Tem que focar nas jovens promessas e talentos, customizar os treinos visando o crescimento deles. Colaboração entre as diversas confederações europeias para a realização de campeonatos entre os jogadores dessa idade também é fundamental.
Quanto um atleta deve treinar para se tornar bom?
Entre as idades de 12 a 14 anos, cinco a seis horas por dia de treinamento, durante seis dias da semana. O que dá cerca de 30 horas por semana.
Quais devem ser as principais características de um bom mesatenista?
Saber aplicar as táticas, jogar no campo do adversário, saber retornar os saques e ter um bom trabalho com os pés. Se tiver isso, o jogador tem um longo caminho pela frente.