Por CBTM
Se pode se orgulhar do uso eficiente de instalações esportivas construídas para os Jogos de Olímpicos de 96, Atlanta não tem motivos para comemorar em relação ao legado que as Olimpíadas deixaram para a economia local. Na opinião do economista Victor Matheson, professor da Universidade de Holy Cross (EUA), Atlanta não conseguiu se tornar um ponto de atração turística, deixando assim de criar um fluxo de renda para a localidade após as Olimpíadas.
- Não há dúvida que Atlanta foi o centro do mundo por aproxidamente três semanas. Fez bons Jogos, mas não há motivo para as pessoas voltarem para fazer turismo. A economia de Atlanta é mais forte do que era há 20 anos, mas houve um longo processo construído durante os anos, um movimento de empresas indo para o sul para construir novas sedes. Mas as Olimpíadas não parecem ter acelerado isso - afirmou.
Para o economista, os Jogos não criaram um grande número de empregos na cidade do sul dos EUA. Os organizadores do evento prometeram a criação de 77 mil vagas. Matheson estima que o total fica entre 5 mil e 20 mil.
- As Olimpíadas de 96 ocorreram quando a economia dos EUA estava florescendo, assim como nas cidades do sul. O número de empregos cresceu fortemente em Atlanta durante os anos 90, assim como em outras cidades similares, como Charlotte e Dallas. Se pensarmos em termos nacionais, Atlanta ganhou de 5 mil a 20 mil empregos. Apreciamos isso, especialmente em um momento atual de crise, mas eles custaram muito caro - avalia.
O investimento governamental em infraestrutura em Atlanta foi de R$ 1 bilhão. O sistema de metrô, construído para os Jogos, foi um dos principais frutos olímpicos para a população. O turista que chega hoje ao aeroporto internacional de Hartsfield-Jackson pode embarcar diretamente em composições que levam a várias regiões da cidade.
Apesar de não conseguido um grande lucro, nem ter se firmado com um destino turístico, Atlanta teve o mérito, segundo Matheson, de não ter gerado uma alta dívida para realizar as competições, como ocorreu com outras cidades-sede, como Montreal e Atenas.
- Atlanta se saiu muito bem por não ter um legado negativo, por não ter que pagar débitos. Mas não tem um legado positivo. De ser capaz de dizer: 'Vejam que grande evento sediamos e os benefícios que continuamos a ver hoje em dia'. Atlanta não foi para o buraco, como ocorreu com outras grandes cidades, com grandes dívidas, que persistiram por anos. Caso de Montreal, por exemplo, que sediou os Jogos em 76 e continuou pagando a conta até poucos anos atrás.
Para o economista, os Jogos do 2016 podem beneficiar o Rio de Janeiro, reforçando a cidade com um ponto de atração de estrangeiros. Repetindo o exemplo de Barcelona.
- Barcelona é uma cidade com grandes museus, grande atrações para os turistas. Talvez até deixando para trás algumas grandes cidades europeias, como Madri, Londres e Paris. Quando conseguiu as Olimpíadas (em 92), Barcelona pôde mostrar isso ao mundo. Hoje, é o quarto maior destino turístico da Europa.