Por CBTM
Para poder sonhar em lutar por uma inédita medalha nos Jogos Olímpicos de 2016, no Rio de Janeiro, o Tênis de Mesa brasileiro precisa ter pelo menos dois jogadores entre os 50 melhores colocados no Ranking Mundial.
Isso porque, pelo regulamento da competição, cada país pode ter apenas dois representantes no Torneio Individual e isso reduz o número de candidatos ao título, já que existe um incontestável domínio dos chineses.
Com a excelente fase de Cazuo Matsumoto, a experiência de Thiago Monteiro, a evolução de Gustavo Tsuboi e o surgimento de novos atletas como Hugo Calderano, Eric Jouti e Vitor Ishiy, essa meta não parece tão distante assim.
Nessa entrevista, o técnico da Seleção Brasileira Jean-René Mounie fez uma análise positiva da participação dos brasileiros nas duas primeiras etapas do Circuito Mundial, realizadas na Espanha e Áustria.
O francês elogiou o trabalho que vem sendo feito pela Confederação Brasileira de Tênis de Mesa e deixou uma mensagem de otimismo para que todos acreditem no que para muitos é algo praticamente impossível, a conquista de uma medalha Olímpica.
--- Para mim sonhar é viver e viver é sonhar --- afirmou o técnico.
CBTM - Qual foi a repercussão da vitória de Gustavo Tsuboi sobre o francês Adrien Mattenet no Aberto da Áustria?
Jena-René Mounie - Talvez seja melhor perguntar para o próprio Gustavo. Não me importo muito, temos um caminho que estamos tentando seguir. Com certeza é importante manter esse desempenho para que não fiquem mais dúvidas aos adversários de sua força.
CBTM - Qual foi a importância do período de preparação realizado em São Caetano antes da competição?
Jena-René Mounie - O período em São Caetano foi importante para os jogadores porque temos que criar um grupo com uma dinâmica, criar um ambiente. Isso é primordial. Foi bom para os técnicos, que dividiram ideias. Podemos organizar algumas vezes por ano, mas a chave para conseguir a evolução não é apenas essa. É preciso dar sequência ao trabalho diariamente.
CBTM - E como isso é possível?
Jena-René Mounie - Primeiro os jogadores precisam estar prontos de fazer. Então, a diferença é a qualidade dos técnicos brasileiros, que trabalham bastante e precisam continuar melhorando também. Não fazemos a magia, cada pessoa é importante e no final somente com um trabalho em equipe se pode conseguir chegar ao alto nível.
CBTM - Qual foi a importância da presença do especialista sueco Peter Karlsson nesse treinamento?
Jena-René Mounie - Quando você tem um campeão mundial no ginásio é sempre importante. Eu sugeri que a CBTM convidasse o Peter porque nós temos o mesmo jeito e ideias parecidas em relação ao trabalho que deve ser feito para se atingir o alto nível. Acho que ele ajudou bastante no que diz respeito ao apoio e a mensagem que gostamos de dar aos nossos jogadores a cada dia.
CBTM - Como você avalia o desenvolvimento do Tênis de Mesa brasileiro desde que assumiu o comando da Seleção?
Jena-René Mounie - Desculpe, não posso responder essa pergunta em apenas algumas linhas. É difícil falar em relação ao Tênis de Mesa de uma maneira em geral. Para mim existem dois tipos de julgamento, a qualidade do trabalho e os resultados. Podemos sempre fazer melhor, mas o mais importante é sempre evoluir, mesmo que seja passo a passo.
CBTM - O Brasil pode sonhar com uma medalha nas Olimpíadas de 2016?
Jena-René Mounie - Não sei ainda. Mas, para mim, sonhar é viver e viver é sonhar!
CBTM - O que é preciso fazer para transformar esse sonho em realidade?
Jena-René Mounie - Com certeza temos que transformar muitas coisas. Acho que a Confederação está evoluindo bastante, mas não temos muito tempo até os Jogos Olímpicos. Em primeiro lugar, os jogadores brasileiros precisam colocar o Tênis de Mesa no centro de suas vidas. Depois, o sistema do Brasil deve continuar evoluindo. Flexibilidade é a chave para conseguir isso. Nós estamos tentando muito mudar as mentalidades, precisamos ter um jeito de achar o totalmente alto nível, com confiança.