Por CBTM
Após dois anos no comando da Secretaria de Esportes e Lazer de São Bernardo, José Luiz Ferrarezi sabe dos desafios que ainda terá pela frente. Brigar para a cidade ser sub-sede da Copa de 2014 e abrigar treinamentos de atletas para a Olimpíada de 2016 são considerados os principais. O secretário destaca ainda que o estádio de atletismo, um dos equipamentos que devem ser usados no período de aclimatação para os Jogos, deve ser entregue em novembro. A seguir, a íntegra da entrevista.
ABCD MAIOR – Qual o balanço da Secretaria de Esportes e Lazer em pouco mais de dois anos de trabalho?
José Luiz Ferrarezi – Este início de terceiro ano do governo Marinho é a consolidação dos projetos que iniciamos há dois anos, quando ampliamos o atendimento. Hoje atendemos cerca de 20 mil pessoas. Isto é extremamente consistente. Mas também mantivemos a competitividade da cidade nas competições, como Jogos Regionais, Abertos e campeonatos nacionais de vôlei, handebol, natação e futsal. Uma cidade que tem a vocação esportiva e tem consolidado esta marca. Creio que tivemos grandes desafios também. O maior foi ajudar o São Bernardo Futebol Clube a estar presente na primeira divisão do Campeonato Paulista. O desafio, neste caso, foi colocar, em tempo recorde, o estádio 1º de Maio em condições de receber jogos da Série A1. Outro desafio foi trocar o gramado do Baetão e a drenagem, que hoje é a melhor do País. Além disto, conquistamos para São Bernardo o estádio de atletismo. As obras estão avançadas, a verba disponível e as intervenções andam rápido.
ABCD MAIOR - Como estão as obras?
Ferrarezi – Já foi feita toda a parte inicial de remoção de terra. Estamos na escavação de estrutura. Além disto, a pista, importada da Alemanha, já está comprada. O período previsto para entrega é 11 de novembro. Mas queremos ter certeza disto para programar uma grande festa para entregar este equipamento, que vai ser o melhor do Brasil. Também no Clube da Volks, finalizamos o convênio com o governo federal e a Confederação Brasileira de Handebol para ter o Centro Nacional de Treinamento da modalidade. Definimos, inclusive, a mudança da confederação de Aracaju para São Bernardo. Mas o maior desafio daqui para frente é transformar São Bernardo em uma cidade-base para a Copa do Mundo de 2014.
ABCD MAIOR - Vai ocorrer a criação de um comitê para gerenciar este processo dentro da cidade?
Ferrarezi – É um debate que não cabe somente à secretaria de Esporte, pois é muito grande. E muitas das exigências da Fifa, CBF e comitês não são esportivas, são relativas à infraestrutura, questões viárias, segurança, mobilidade urbana e, principalmente, rede hoteleira. Aquilo que nos remete a campo de jogo já atende as exigências. Mas a infraestrutura de cidade ainda têm deficiências.
ABCD MAIOR – O que seria necessário para melhorar a rede de hotéis?
Ferrarezi – Se não tivermos, ao menos, três hotéis considerados de padrão internacional, não podemos entrar nesta disputa. Precisamos de, no mínimo, mil quartos à disposição. Pois quem escolhe é a seleção participante da Copa, não a Fifa. Precisamos, portanto, apresentar uma rede que propicie receber não só o time, mas a imprensa e quem acompanha este país. Em contrapartida, temos pontos muito fortes, como proximidade com os aeroportos, rodovias e porto de Santos. Mas se não tivermos uma rede de hotéis que abrigue este montante não poderemos entrar no debate. Claro que a Prefeitura não pode construir hotel, mas temos que fomentar.
ABCD MAIOR – Vocês têm conversado com algumas redes hoteleiras?
Ferrarezi – O prefeito Luiz Marinho tem conversado com diversas redes brasileiras e até internacionais. Particularmente, defendo que este debate ocorresse via Consórcio Intermunicipal. Seria muito ruim que nenhuma cidade do ABCD entrasse como cidade-base. Creio que nós, em conjunto, poderíamos focar e debater isto concretamente.
ABCD MAIOR – Seria uma espécie de candidatura em conjunto?
Ferrarezi – É o que defendo. Claro que cada município busca um pouco das suas necessidades e vontades, mas disse ao prefeito Luiz Marinho que seria importante ele levar este debate para dentro do Consórcio, trazer especialistas em diversas áreas, debater isto em conjunto e, a partir disto, o ABCD se mostrar para estes países. São Bernardo está próximo das rodovias, Santo André, talvez, tenha mais hotéis. Acho que teremos mais possibilidades.
ABCD MAIOR – Pensando na Olimpíada de 2016. Qual é o modelo mais adequado para o esporte amador?
Ferrarezi – O modelo ideal é manter o equilíbrio. Creio que ter escola de modalidade para todas as categorias e equipe de alto rendimento é o cenário ideal. Colocamos como desafio para nós mesmos termos atletas na Olimpíada. Com certeza vamos ter no hand, vôlei, canoagem, atletismo, badminton e tênis de mesa. A Olimpíada de 2016, para nós, tem mais importância do que a Copa do Mundo, que deveria ter sido debatida antes da nossa chegada na Prefeitura. Muitas cidades avançaram neste debate. Se nós pegarmos o caderno de cidade-base, vamos ver que já há municípios com tudo pronto, com tudo o que é necessário. Nós ainda estamos correndo atrás deste debate. Agora, para sede de treinamentos e aclimatação para 2016 temos equipamentos muito interessantes: o estádio de atletismo, o centro de handebol, o ginásio Poliesportivo para o vôlei, o estádio 1º de Maio para o futebol e centro de canoagem. Vamos cadastrar todos no Comitê Olímpico Brasileiro. Temos certeza que São Bernardo vai abrigar período de treinos das equipes de outros países.
ABCD MAIOR – Com relação ao futebol amador. O que a várzea representa para a cidade?
Ferrarezi – O que é feito no amador em São Bernardo é fantástico. A Liga realiza, sob a condução do presidente Neto (Edwards Neves Neto) e do vice Saul Lino, uma grande parceria. Só a secretaria não daria conta. Imagina o que é ter 90 times filiados, quatro divisões e cerca de 1.500 jogos por ano. Isto não é para qualquer entidade. Óbvio que cabe ao poder público manter os campos, mas a organização é da Liga de Futebol. Em alguns finais de semana, temos jogos com duas mil pessoas. Isto transforma o bairro. Quem vê fica encantado com o que acontece. Além disto, temos a Copa São Bernardo e a Copa Verão, organizadas pela secretaria. É uma cidade que tem mais de 300 times, entre filiados e não-filiados. Não é fácil gerar no dia-a-dia espaço para todo mundo jogar. Quando a gente tiver mais campos com grama sintética, acredito que este cenário ficará ainda melhor.
ABCD MAIOR - Tem alguma estimativa quanto à colocação dos pisos sintéticos?
Ferrarezi – Em maio, vamos inaugurar o campo do Lavínia com sintético e iluminação. Desta forma, você pode ter jogo de segunda a segunda. Além disto, nos próximos dias vamos fazer licitação do campo do Riacho Grande. O Taboão e o Corinthians, do Alves Dias, receberão as mesmas melhorias. Todos os campos devem estar entregues até o final da administração do Marinho.
ABCD MAIOR – Você acha que o São Bernardo Futebol Clube conseguirá manter-se na Série A1 do Paulista?
Ferrarezi – Confio demais na condução do São Bernardo Futebol Clube. Digo que o presidente Luiz Fernando Teixeira é extremamente competente. A gente tem visto o time jogando muito bem com a nova comissão técnica. Acredito que o time continua na Série A1 e conquista uma vaga na Série D do Brasileiro, que é o objetivo principal. Isto porque o humor esportivo da cidade passa muito pelo São Bernardo. Quando o São Bernardo vence uma partida, o humor esportivo da cidade melhora.