Por CBTM
No Rio, em 2007, o Brasil conseguiu seu melhor desempenho em Jogos Pan-Americanos ao conquistar 52 medalhas de ouro, 40 de prata e 65 de bronze. O que esperar em Guadalajara? Marcus Vinícius Freire, superintendente executivo de Esportes do Comitê Olímpico Brasileiro (COB), falou sobre o tema com o Estado. Sem muito comprometimento com números, apenas em "classificar o maior número de modalidades para a Olimpíada de Londres.
Qual a expectativa do COB em relação a medalhas e desempenho (número de finais ou evolução de resultados) no México?
A meta do COB para Guadalajara é classificar o maior número possível de atletas para os Jogos Olímpicos de Londres. Cerca de 100 vagas estarão disponíveis em 12 modalidades. Estamos cientes da dificuldade de manter o mesmo número de medalhas conquistadas no (Pan do) Rio, em 2007, mas trabalhando para obter o melhor resultado possível.
Ter o desempenho do Rio como parâmetro é complicado...
Os Jogos em casa são, historicamente, os melhores dos países anfitriões, onde fatores importantes fazem a diferença: tamanho da delegação, conhecimento dos locais de competição, apoio da torcida e familiares, suporte de patrocinadores, não necessidade de aclimatação, alimentação habitual, sem fuso, sem viagem, etc. Vale destacar também o crescimento esportivo dos principais adversários do Brasil, como México, Canadá, Argentina, Colômbia e Venezuela, além dos Estados Unidos, a primeira força, e Cuba, com longa tradição de conquistas no Pan. Portanto, a concorrência pelas medalhas em Guadalajara será muito grande.
O COB espera o melhor desempenho possível nos esportes que vão disputar vaga olímpica. O que seria o mínimo aceitável?
Estarão em disputa cerca de 100 vagas para Londres, em 12 modalidades. Nosso objetivo é conquistar o maior número possível destas vagas. O COB deu suporte a todas as modalidades em que o Brasil terá representantes em Guadalajara e a expectativa de uma boa participação é em relação a todas as modalidades, com destaque para as que disputarão vaga olímpica: triatlo, handebol, saltos ornamentais, nado sincronizado, polo aquático, tênis, tênis de mesa, canoagem, tiro esportivo, hipismo, pentatlo e atletismo.
Como define a preparação?
Todas as modalidades chegarão bem preparadas para o Pan, porém cada esporte tem seu objetivo específico. Como exemplo, além das modalidades que estarão lutando por vagas em Londres outras, como judô, atletismo e natação, que já participaram de competições fortes este ano, como campeonatos mundiais e torneios pré-olímpicos, chegam tentando manter o nível de preparação que tiveram para essas competições, algumas com equipes mescladas, como é o caso do basquete e vôlei. Aliás, o vôlei disputará a classificação para Londres em novembro, no Japão, logo após o Pan. Portanto, cada modalidade tem o seu objetivo de acordo com o que foi planejado para 2011.
Seria possível esperar um salto qualitativo em algum esporte específico no México, já pensando em 2012 e em 2016?
Historicamente, o Pan é um degrau importante na preparação dos atletas para os Jogos Olímpicos. Hoje, posso afirmar que todas as modalidades contam com estrutura melhor de preparação. Há mais fontes de recursos em função do Rio/2016 e um planejamento mais integrado entre o COB e as confederações. Como exemplo, hoje temos o Centro de Treinamento Time Brasil, projetos especiais para várias modalidades e atletas e especialmente em relação ao Pan/2011 estamos realizando a aclimatação no Clube Esportivo La Loma, em San Luis Potosi, também no México, para quatro modalidades: atletismo, natação, triatlo e tae kwon do.
Qual foi o grau de intercâmbio entre os organizadores dos Jogos de Guadalajara e os do Rio?
Logo após os Jogos do Rio, o COB realizou um seminário de transferência de conhecimento para os Comitês Organizadores de outros eventos, porém Guadalajara 2011 não enviou representante. No entanto, em todas as reuniões que tivemos com Guadalajara, sempre procuramos passar a experiência que tivemos na organização do Rio, em todas as áreas. Estou certo de que isso os ajudou muito.
De quanto foi o investimento do Brasil para o Pan de Guadalajara? A meritocracia, utilizada para distribuir as verbas da Lei Piva, foi levada em consideração?
A distribuição do recurso anual da Lei Agnelo/Piva às confederações não leva em conta apenas os resultados. Esta análise cabe aos projetos especiais, que têm metas específicas. O COB deu suporte a todas as modalidades em que o Brasil terá representantes em Guadalajara e a expectativa de uma boa participação é em relação a todas elas. A estratégia de participação em Guadalajara foi definida com cada Confederação. Para algumas modalidades com menores chances nos Jogos Olímpicos, os Jogos Pan-americanos ganham importância nesse cenário internacional. Para as modalidades pan-americanas, o investimento é feito apenas no ano anterior e no dos Jogos. Para Guadalajara, essas modalidades tiveram apoio em 2010 e 2011 para se classificarem e terem boa participação nos Jogos.
A altitude de Guadalajara é de 1.500 mil metros. Quais os esportes que têm inspirado maior preocupação na aclimatação? A equipe médica faz alguma preparação especial?
Sim, estudos realizados pela equipe médica do COB indicam poucos problemas relativos à altitude de Guadalajara. Como exemplo, temos a equipe brasileira de judô que disputou o Pan-Americano da modalidade no meio do ano lá e não relatou problemas. Além disso, estamos oferecendo um suporte com oito profissionais de Ciências do Esporte, como bioquímico, fisiologista, nutricionista, entre outros. Junto a eles, nosso departamento médico está atento e saberá orientar os atletas brasileiros em caso de necessidade. Também enviamos quatro modalidades para o Centro Esportivo La Loma, em San Luis de Potosi, que fica a 1.900m de altitude, para se adaptarem às condições.
O COB tem preocupação em relação ao atraso nas obras das instalações pan-americanas e com a violência no México? Haverá esquema especial ou recomendação específica para os atletas?
Temos plena confiança na organização do Pan de Guadalajara e não há nenhuma recomendação especial.
